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Dólar cai e encerra no menor nível em 9 meses

O fato de a inflação ainda estar acima de 1% levou investidores a testarem se o BC permitirá dólar mais baixo


	Dólar: a moeda norte-americana encerrou o pregão desta quinta-feira com desvalorização de 0,36% no mercado de balcão
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Dólar: a moeda norte-americana encerrou o pregão desta quinta-feira com desvalorização de 0,36% no mercado de balcão (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2013 às 16h40.

São Paulo - Os fatores que poderiam sustentar o dólar ante o real nesta quinta-feira foram ofuscados pelo receio dos investidores com a inflação e pelo acúmulo de posições vendidas de bancos e estrangeiros no mercado futuro.

Embora o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe tenha subido 1,01% na primeira quadrissemana do mês - abaixo da taxa de janeiro e da expectativa do mercado -, uma inflação acima de 1% ainda assusta e leva os aplicadores a testar a disposição do Banco Central em permitir um dólar mais baixo para conter a alta de preços.

Neste cenário, o dólar à vista fechou em baixa de 0,36% ante o real no balcão, cotado a R$ 1,9590 - o menor patamar de fechamento desde 11 de maio de 2012.

Na máxima do dia, vista após a abertura, a moeda norte-americana atingiu R$ 1,9710 (+0,25%) no balcão e, na mínima, à tarde, marcou R$ 1,9580 (-0,41%), na menor cotação intraday desde 8 de fevereiro de 2013. Da máxima para a mínima, a moeda oscilou -0,66%. Às 16h38, a clearing de câmbio da BM&F apontava giro financeiro de US$ 2,778 bilhões. O dólar pronto da BM&F não registrou negócios. No mercado futuro, o dólar para março valia R$ 1,9610, em baixa de 0,43%.

Além dos dados da Fipe, o mercado observou os números do fluxo cambial em fevereiro, até o dia 8, que mostraram saída líquida de US$ 67 milhões. Chama a atenção o fato de o fluxo cambial seguir negativo este mês, após ter apontado a saída líquida de US$ 2,386 bilhões em janeiro e de US$ 6,755 bilhões em dezembro. Os dados sobre fluxo, aliados a uma balança comercial também negativa em US$ 741 milhões até o dia 10 deste mês, traria um viés de alta para o dólar ante o real - o que não se confirmou nesta sessão.


"A questão da inflação ainda pesa, embora o IPC da Fipe tenha vindo abaixo da expectativa, mas ainda acima de 1%. Isso, aliado ao fato de a curva de juros (durante o dia) estar caindo em alguns vencimentos, faz o mercado testar o BC em relação ao câmbio", comentou Maurício Nakahodo, consultor de pesquisas econômicas do Banco de Tokyo-Mitsubishi UFJ. "Os dados de inflação vieram menos pressionados, mas ainda estão altos. Por isso o mercado começa a testar", acrescentou João Paulo de Gracia Corrêa, gerente de câmbio da Correparti Corretora.

Na prática, o dólar mais baixo serviria de ferramenta para contenção dos preços. "Continua a expectativa com o uso do câmbio e a tendência é de depreciação do dólar", disse um operador de um banco, também enxergando a disposição dos investidores em testar até que ponto o Banco Central permitirá a queda da moeda norte-americana ante o real. Se por um lado a inflação ameaça, por outro existe a preocupação de que o dólar não recue a tal ponto que os exportadores e a indústria brasileira sejam prejudicados.

A atual dinâmica do mercado futuro contribui para que a moeda norte-americana recue ou, pelo menos, não suba. Os dados mais recentes da BM&FBovespa sinalizam que bancos e investidores estrangeiros seguem vendidos (apostando na queda da cotação do dólar).

No exterior, o dólar avançava ante o euro nesta tarde, mas demonstrava comportamentos mistos em relação a outras moedas que, assim como o real, possuem elevada correlação com commodities.

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