Dólar: o governo continua trabalhando para colocar o texto da reforma em votação na próxima semana (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)
Reuters
Publicado em 13 de dezembro de 2017 às 17h24.
São Paulo - O dólar interrompeu sequência de quatro altas e recuou ante o real nesta quarta-feira, influenciado pelo fechamento de questão do PSDB a favor da reforma da Previdência e também pelo anúncio da data do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em ação referente ao tríplex no Guarujá.
O dólar recuou 0,37 por cento, a 3,3159 reais na venda, depois de ter subido 3 por cento nos quatro pregões anteriores.
Na mínima, foi até 3,2884 reais. O dólar futuro subia cerca de 0,30 por cento.
"Há picos de otimismo no mercado, mas há falta de notícia concreta", resumiu o gerente de Tesouraria do Banco Confidence, Felipe Pellegrini, ao argumentar que o quadro ainda é incerto.
No começo da tarde, o PSDB decidiu fechar questão a favor da reforma da Previdência, mas não discutir eventuais punições aos deputados que descumprirem a determinação do partido, embora elas não estejam excluídas, disse o presidente nacional tucano e governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
O líder do partido na Câmara, Ricardo Tripoli (SP) disse que o apoio à reforma na bancada, que era de 12 deputados, agora tem pouco mais de 20, mas ponderou que o fechamento de questão deve facilitar a adesão de alguns parlamentares. O PSDB tem 46 deputados federais.
O governo continua trabalhando para colocar o texto em votação na próxima semana, a última antes do recesso parlamentar. Na véspera, o presidente Michel Temer cobrou um "esforço concentrado" de empresários para pressionar os deputados.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que decidirá entre esta quarta-feira e a quinta-feira se há apoio suficiente à proposta para colocar a matéria em votação na próxima semana.
Antes da notícia do PSDB, o dólar já recuava sob influência de notícia da véspera de que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) marcou para 24 de janeiro de 2018 o julgamento de recurso de Lula. Uma condenação em segunda instância por órgão colegiado pode barrar a candidatura do ex-presidente, que lidera as pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial do ano que vem.
"O mercado assimila que sem Lula na Presidência as contas públicas serão melhor administradas", disse o diretor da mesa de câmbio da corretora MultiMoney, Durval Correa.
A sessão também foi marcada pela expectativa em torno do desfecho do encontro de política monetária do Federal Reserve. Obanco central dos Estados Unidos deve elevar a taxa de juros, porém, mais do que isso, deve dar a mais forte indicação sobre como a reforma tributária da administração Trump pode afetar a economia norte-americana.
O dólar recuava ante uma cesta de moedas e também ante divisas de emergentes, como o peso chileno e rand sul-africano.
Nesta quarta-feira, o Banco Central vendeu o total de até 14 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de janeiro. Até agora, rolou o equivalente a 6,3 bilhões de dólares do total de 9,638 bilhões de dólares que vencem no mês que vem.