Dólares: no mês de novembro até o fechamento da véspera, o dólar avançou 3,20 por cento (Oscar Siagian/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de novembro de 2012 às 14h49.
São Paulo - O dólar recuava nesta quinta-feira, afastando-se do nível de 2,10 reais, depois que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que a autoridade monetária está pronta para intervir no mercado de câmbio se necessário.
A moeda norte-americana já era negociada com leve queda antes das declarações do Tombini, com analistas citando uma correção da alta da véspera, que foi turbinada por especulações de que o governo toleraria um dólar mais valorizado para impulsionar a economia.
O maior apetite por risco no exterior --que ajudava a puxar o euro ante o dólar-- e o volume menor nos mercados devido ao feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos também contribuíam para a desvalorização da divisa norte-americana frente ao real. Segundo dados da BM&F, o volume negociado estava em torno de 110 milhões de dólares.
Às 11h43, o dólar cedia 0,25 por cento, para 2,0900 reais na venda. Na máxima, o dólar bateu 2,0990 reais e, na mínima, recuou a 2,0892 reais --nível atingido logo após as declarações de Tombini à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO) do Congresso na manhã desta quinta-feira.
O presidente da autoridade monetária afirmou que o BC poderá intervir para fornecer liquidez ao mercado, já que é comum no final do ano ocorrer uma oferta menor de dólares. Na avaliação de alguns analistas, Tombini voltou a reiterar o teto informal de 2,10 reais com tal declaração.
"Próximo de 2 reais eles (autoridades brasileiras) começam a falar bastante. E perto de 2,10 reais também. É justamente para não deixar o mercado tumultuar", afirmou o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.
"Como o dólar subiu com consistência para perto de 2,10 reais, pode não ser só uma especulação; talvez haja uma necessidade de dólar no mercado", completou.
No mês de novembro até o fechamento da véspera, o dólar avançou 3,20 por cento, acompanhando uma maior aversão ao risco no cenário internacional, além de uma tendência natural de saída de dólares do país no final do ano devido a remessas de recursos de multinacionais instaladas no Brasil para suas matrizes no exterior.
Uma forma de dar liquidez ao mercado seria não rolar os contratos de swap cambial reverso --equivalentes a uma compra de dólares no mercado futuro-- que vencem no início de dezembro, decisão que se for tomada poderá pressionar o dólar para baixo.
As declarações de Tombini relativizaram a sinalização dada pela presidente Dilma Rousseff no início da semana, de que o governo poderia favorecer um dólar mais valorizado para impulsionar a atividade econômica. A fala da presidente fez o mercado testar o BC na quarta-feira, fazendo o dólar encostar em 2,10 reais.
Teto velho ou teto novo
Em meio às recentes declarações do governo e do Banco Central, o mercado aparenta estar dividido sobre o comportamento da moeda nas próximas sessões. Galhardo acredita que, por enquanto, o BC irá defender o teto de 2,10 reais devido a pressões inflacionárias.
"Todos os núcleos da inflação estão sofrendo forte pressão no curto prazo. E o dólar alto ajuda a pressionar ainda mais", disse o gerente.
Por outro lado, o especialista em câmbio da Icap Corretora, Italo dos Santos, defende que a banda informal de 2 a 2,10 reais irá mudar.
"Vejo um final de ano mais complicado, com o dólar rompendo os 2,10 reais por uma tendência natural de saída de fluxo e com um cenário externo ruim," afirmou ele, concluindo: "Devemos caminhar para um banda de 2,10 a 2,15 reais em vez de 2 a 2,10." (Reportagem de Natália Cacioli; Edição de Walter Brandimarte)