Mercados

Dólar cai 0,16% com especulações no mercado

O dólar fechou em queda de 0,16 por cento, cotado a 2,0242 reais na venda

Dólar: durante o dia, a moeda oscilou a 2,0125 reais na mínima (AFP)

Dólar: durante o dia, a moeda oscilou a 2,0125 reais na mínima (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2012 às 18h16.

São Paulo - O dólar caiu ante o real nesta terça-feira, depois de duas sessões de alta, descolado do movimento no exterior. Segundo operadores, a moeda norte-americana mostrou volatilidade durante o dia por causa, entre outros, de movimentos de especulação no mercado sobre eventuais atuações do Banco Central.

Para eles, o cenário externo ainda teve algum reflexo nesta sessão, com os bancos centrais mundiais tomando medidas de estímulo monetário que acabaram decepcionando os investidores.

O dólar fechou em queda de 0,16 por cento, cotado a 2,0242 reais na venda. Durante o dia, a moeda oscilou entre 2,0125 reais na mínima, quando chegou a cair 0,73 por cento, e entre 2,0393 reais na máxima, subindo 0,59 por cento.

"O mercado se descolocou e operou em baixa na maior parte do tempo, mas com volatilidade, com dúvidas a respeito da intervenção ou não do governo. Parte do mercado quer testar o BC e outra parte acha que ele está ganhando 'no grito' e vai conseguir controlar a moeda", disse o sócio-gestor da Vetorial Asset, Sérgio Machado.

"As declarações do governo geram insegurança no mercado e espaço para especuladores", afirmou ainda Machado, acrescentando que players do mercado tentaram obter lucros durante o dia com a oscilação da moeda, "vendendo caro e comprando dinheiro barato".


Na terça-feira passada, o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, disse que o dólar abaixo de 2 reais "pode não ser bom para a indústria" e que a autoridade monetária poderia intervir comprando dólares no mercado futuro caso necessário.

As declarações fizeram com que o dólar, que chegou a fechar abaixo dos 2 reais na segunda-feira, voltasse a subir acima desse.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também afirmou na quarta-feira que o governo tem feito uma política cambial mais ativa, "que resulta num real mais competitivo".

Com isso, o dólar no Brasil foi na direção contrária ao visto no exterior. Às 17h57 (horário de Brasília), a divisa norte-americana tinha alta de 1,24 por cento ante uma cesta de divisas, enquanto o euro caía 1,08 por cento.

Pela manhã, o dólar registrou ganhos ante o real, refletindo as ações feitas por importantes bancos centrais no mundo para estimular suas economias.

O Banco Central Europeu (BCE) cortou sua principal taxa de juros para 0,75 por cento e, mais cedo, o banco central da China também anunciou medida semelhante, levando a taxa básica de empréstimo da país a 6 por cento e as taxas de depósito a 3 por cento.

Já o Banco da Inglaterra lançou uma terceira rodada de estímulo monetário, com compras de 50 bilhões de libras em ativos.

"Talvez as políticas monetárias na Europa tenham afetado um pouco também, mas acredito que refletiram mais no euro mesmo, por serem medidas que atinge mais a região", disse o economista da Link Investimentos, Thiago Carlos, acrescentando que as medidas não devem elevar o fluxo de entrada de dólares no Brasil.

Dentro da equipe econômica a avaliação também é de que as ações dos BCs não vão ampliar a entrada de capital no país no curto prazo, apesar de a liquidez mundial continuar bastante forte, o que poderia voltar a enfraquecer o dólar frente ao real.

Isso porque, afirmou uma importante fonte da equipe econômica à Reuters, as condições atuais já não são tão atrativas para os investidores de fora, sobretudo os que fazem "carry trade". A Selic está em seu nível histórico de baixa, a 8,50 por cento ao ano, e tende a continuar caindo, reduzindo a atratividade de parte de ativos brasileiros.

"Além disso, o dólar está mais valorizado. Não vemos sinais de qualquer tsunami (de capital)", afirmou a fonte.

Outra fonte, próxima à equipe econômica, também avaliou que as ações dos BCs podem contribuir para atenuar a volatilidade dos mercados em julho. "Junho foi um mês complicado", avaliou a fonte. "A piora no cenário externo contamina a expectativa dos empresários e esperamos que ações como a dos BCs da Europa, Inglaterra e China sirvam para conter o pessimismo", acrescentou.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólarMoedas

Mais de Mercados

Conglomerado de Buffet desfaz quase metade de sua participação na Apple

Nasdaq cai 2,4% puxado por Intel e Amazon e aprofunda correção

Ibovespa cai 1,2% com pessimismo nos EUA e volta aos 125 mil pontos

Payroll, repercussão de balanços das big techs e produção industrial no Brasil: o que move o mercado

Mais na Exame