Dólar caiu 0,1% e encerrou sendo negociado por 5,207 reais (hudiemm/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 24 de julho de 2020 às 17h00.
Última atualização em 24 de julho de 2020 às 17h48.
O dólar fechou em queda contra o real, apesar da escalada de tensão entre China e Estados Unidos ter pressionado os negócios durante a abertura, após Pequim contra-atacar na mesma moeda, mandando fechar o consulado americano em Chengdu, dias depois de Washington ordenar o fechamento o consulado chinês em Houston. Nesta sexta-feira, 24, o dólar comercial caiu 0,1% e encerrou sendo negociado por 5,207 reais. Na semana, a queda foi de 3,3%. O dólar turismo encerrou cotado a 5,49 reais.
Entre os investidores, há o temor de que a briga diplomática tenha impacto negativo na economia global, com possíveis sanções comerciais de ambos os lados e ameaças ao acordo comercial selado no início do ano. Ontem, em entrevista coletiva na Casa Branca, o presidente Donald Trump afirmou que o acordo com a China, agora, significa “muito menos” do que antes da pandemia, voltando a acusar o país asiático de ter disseminado o coronavírus no mundo de forma deliberada.
Para Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti, as atitudes do presidente americano visa, principalmente, as eleições presidenciais. “O Trump está em desvantagem nas pesquisas. Em função disso, a briga acaba se tornando mais contundente. Os americanos gostam disso. Mas há a preocupação disso resvalar nos acordos comerciais”, disse.
Mas apesar das reações de ambos os países, a percepção no mercado de câmbio é a de que o contexto ainda está favorável aos negócios. “A gente começa a falar de uma tendência de queda. O cenário está bem mais positivo, com vacinas sendo amplamente e volta econômica”, comentou Tulio Portella, diretor comercial da B&T.
A perspectiva de uma melhora econômica foi reforçada hoje pelos índices de gerente de compras (PMIs, na sigla em inglês), que vieram além das expectativas. Na Europa, todos os principais PMIs ficaram acima da linha dos 50 pontos, que delimita a expansão da contração da atividade econômica.
Segundo Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus, a aprovação do fundo de recuperação da Europa deu o gatilho necessário para a desvalorização do dólar no mundo, ajudando a “corrigir” a cotação da moeda americana em países emergentes. “Existia um certo exagero na alta do dólar. Agora está começando a voltar.” Na Europa, o euro chegou ao sexto pregão consecutivo de alta perante o dólar, tocando as máximas desde setembro de 2018.