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Dólar acelera alta ante real a mais de 1% com ruídos sobre Previdência

Às 12:25, o dólar avançava 1,27 por cento, a 3,8140 reais na venda

Câmbio: dólar ampliou a alta a mais de 1 por cento no fim da manhã desta quinta-feira (Fitria Ramli/EyeEm/Getty Images)

Câmbio: dólar ampliou a alta a mais de 1 por cento no fim da manhã desta quinta-feira (Fitria Ramli/EyeEm/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 21 de março de 2019 às 09h16.

Última atualização em 21 de março de 2019 às 13h02.

São Paulo — O dólar ampliou a alta a mais de 1 por cento no fim da manhã desta quinta-feira, com investidores e fundos locais retomando as compras da moeda norte-americana diante do aumento dos ruídos em torno da reforma da Previdência.

O ambiente externo tampouco ajuda, com o índice do dólar acelerando as altas a cerca de 0,6 por cento. Por volta de 11h20, quando o dólar acelerou a alta contra o real, a divisa dos EUA intensificou os ganhos contra o euro e moedas emergentes, como o peso mexicano.

Às 12:25, o dólar avançava 1,27 por cento, a 3,8140 reais na venda. Na véspera, a divisa norte-americana recuou 0,61 por cento, a 3,7661 reais na venda, o menor fechamento desde 28 de fevereiro.

O dólar futuro subia 1,1 por cento, a 3,819 reais.

O mercado de câmbio estende a reversão de tendência vista no fim da sessão da véspera, quando, no mercado futuro, o dólar passou a subir após a entrega pelo governo ao Congresso Nacional da proposta de reforma previdenciária dos militares. A economia líquida prevista é de apenas 10,45 bilhões de reais em 10 anos, bem abaixo dos 92,3 bilhões de reais inicialmente estimados.

O risco agora é que o governo seja mais pressionado por outras categorias e precise fazer mais concessões, o que ameaça reduzir mais o total estimado de economia ao longo de uma década.

Somando-se à lista de reveses à reforma, o anúncio do nome do relator para a reforma dos civis na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, previsto para esta quinta-feira, foi adiado à espera de um "esclarecimento" do governo sobre o projeto dos militares, informou a liderança do PSL na Casa.

Segundo o operador de câmbio da Advanced Corretora Alessandro Faganello, os dados na reforma dos militares levantam "risco de que pleitos mais intensos, assim por dizer, possam ser feitos por outras categorias. Resumindo, a equipe econômica terá que usar do seu poder de convencimento e diálogo, em suas conversas com o Congresso e seu presidente".

Nesse sentido, operador de uma corretora nota que a prisão do ex-presidente Michel Temer, no âmbito da Operação Lava-Jato, piorou o ambiente já negativo para o câmbio. O receio para o mercado se dá sobretudo no campo do papel do MDB na tentativa do governo de aprovar a reforma previdenciária.

O aumento do desconforto do mercado ocorre no dia em que o Tesouro Nacional concedeu mandato para emissão no mercado externo do Global 2029, bônus denominado em dólares com vencimento em 28 de maio de 2029, com resultado a ser divulgado no final do dia.

A emissão costuma se dar em momentos de maior apetite externo por Brasil e serve de referência para captações de empresas privadas no mercado internacional.

Também nesta quinta-feira, o Banco Central vendeu todos os 14,5 mil contratos de swap cambial tradicional em operação de rolagem do vencimento abril. Em 12 operações, o BC já postergou o vencimento de um total de 8,700 bilhões de dólares. O lote a expirar em abril soma 12,321 bilhões.

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