Dólar sobe para máxima em 89 dias com temores sobre fiscal e ata do Fomc
Mercado volta questionar permanência de Guedes e como o governo irá solucionar rombo fiscal deixado pela pandemia
Guilherme Guilherme
Publicado em 19 de agosto de 2020 às 17h00.
Última atualização em 19 de agosto de 2020 às 17h23.
O dólar fechou em alta nesta quarta-feira, 19, com a volta dos temores sobre a condução fiscal do governo. A ata da última reunião de política monetária nos Estados Unidos também impulsionou a valorização da moeda americana no mundo. O dólar comercial subiu 1,1% e encerrou sendo vendido por 5,530 reais - maior cotação desde 22 de maio. Com variação semelhante, o dólar turismo fechou cotado a 5,83 reais.
“O mercado tem algumas preocupações sobre como o [ministro da Economia] Paulo Guedes vai levantar dinheiro para resolver o rombo fiscal deixado pelo coronavírus. Essa preocupação sobre o fiscal tem pegado ainda mais forte no dólar [do que na bolsa]”, disse Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. Segundo ele, o clima também é de desconfiança sobre a manutenção de Guedes no governo.
Para Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos, investidores estrangeiros estão deixando o país com temores sobre o descontrole fiscal. “Ninguém está acreditando mais no cumprimento do teto de gastos. Também não sabemos se o Paulo Guedes vai aguentar ficar no governo. A pasta dele está esvaziando”, disse.
No começo da semana, os rumores sobre a saída do ministro da Economia elevaram o dólar para acima de 5,49 reais pela primeira vez desde maio.
No cenário externo, havia grande expectativa sobre a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Fomc (equivalente ao Comitê de Política Monetária), nos EUA. “De forma geral, a ata jogou maior preocupação sobre o ritmo da recuperação da atividade econômica americana”, avalia Arthur Mota, economista da Exame Research.. Logo após o documento se tornar público, o índice Dxy, que mede o desempenho da moeda americana contra uma cesta de pares desenvolvidos, passou a subir mais de 0,7% e acentuou ainda mais a desvalorização do real.