Mercados

Dólar fecha em queda de mais de 1% com expectativa de estímulos nos EUA

Investidores seguem esperançosos com aprovação de pacote econômico nos EUA, após Casa Branca dar sinais de que pode aceitar um incentivo mais robusto

Dólar: moeda americana se desvaloriza 2,49% na semana (Roberto Machado Noa / Colaborador/Getty Images)

Dólar: moeda americana se desvaloriza 2,49% na semana (Roberto Machado Noa / Colaborador/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 9 de outubro de 2020 às 09h22.

Última atualização em 9 de outubro de 2020 às 17h54.

O dólar caiu 1,13% nesta sexta-feira, 9, e encerrou sendo vendido a 5,525 reais. A desvalorização da moeda americana refletiu o maior apetite ao risco nos mercados internacionais, com o otimismo sobre sobre mais um pacote de estímulos que vem sendo negociado nos Estados Unidos. Na semana, o dólar caiu 2,49% contra o real.

Depois de retomar as conversas com o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, preferiu não passar um programa de socorro às aéreas sem que estivesse dentro de um pacote de estímulo mais amplo. Sem conseguir passar um pacote fragmentado, a Casa Branca dá sinais de que pode aceitar um pacote maior, mas ainda se opõe ao estímulo de 2,2 trilhões dólares aprovado pela Câmara na semana passada.

Nesta sexta, o presidente Donald Trump chegou a dizer que vê um pacote de estímulo ainda maior que os oferecidos por democratas e republicanos.  A declaração ocorre poucos dias após ter cancelado as negociações sobre o tema.

"O fato de o Trump ter voltado atrás sobre [a decisão de interromper as negociações sobre] os estímulos acabou dando um alívio ao mercado de câmbio. Ainda na terça, alguns analistas já vinham falando que aquilo podia ser uma estratégia de negociação. O Trump é assim mesmo: faz apostas altas, blefa", comenta Felipe Pellegrini, gerente de tesouraria do Travelex Bank.

Por meio de análise técnica, Pellegrini avalia que, agora que a moeda americana caiu para baixo de 5,53 reais, ela pode chegar à marca dos 5,38 reais em um cenário de maior tranquilidade no mercado.

No exterior, o dólar recuou contra todas as principais divisas emergentes. O índice Dxy, que mede o desempenho da moeda americana contra seus pares desenvolvidos também indica fraqueza do dólar, caindo 0,6%.

No mercado local, os investidores repercutiramo Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), que voltou a superar as estimativas do mercado, ficando em 0,64% ante os 0,54% de alta esperado.

A inflação, que foi a maior desde dezembro de 2019, aumenta as expectativas sobre o início de um ciclo de elevação da taxa de juros Selic, que se encontra atualmente na mínima histórica de 2%.

“Está todo mundo esperando a alta de juros. A alta de juros pode ajudar a aliviar essa pressão inflacionário e, consequentemente, derrubar o dólar”, afirma Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos.

Segundo o analista, na elevação da taxa de juros, que torna os títulos brasileiros mais atrativos para estrangeiros, pode ser um gatilho para a queda de do dólar. “Ainda há muito espaço para corrigir. Isso pode ser o que faltava para o dólar dar uma exagerada na queda. Assim como subiu muito rápido, também tende a cair nessa velocidade.”

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólareconomia-brasileiraEstados Unidos (EUA)

Mais de Mercados

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio

Novo Nordisk cai 20% após resultado decepcionante em teste de medicamento contra obesidade

Após vender US$ 3 bilhões, segundo leilão do Banco Central é cancelado