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Dólar turismo sobe para R$ 4,93 com aversão global ao risco

Moeda americana ganha força contra divisas emergentes em cenário de aversão a riscos

Dólar: BC anunciou nesta segunda-feira leilão de venda de dólar à vista de até 3 bilhões de dólares, cancelando o anúncio de venda de até 1 bilhão feito na sexta-feira. (David Muir/Getty Images)
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Reuters

Publicado em 9 de março de 2020 às 09h17.

Última atualização em 9 de março de 2020 às 14h44.

São Paulo  — O dólar começa a semana em disparada acentuada contra o real em meio a uma onda global de aversão a risco por conta da epidemia de coronavírus. Referência do mercado financeiro, o dólar comercial, usando em transações entre empresas e bancos, subia 2,5%, vendido a 4,7504 reais às 14h40. O dólarturismo subia 2,5%, vendido a 4,93 reais. Para compras em cartões pré-pagos, a cotação aplicada nas corretoras de câmbio era de 5,20 reais.

Depois de subir 16% neste ano, a moeda americana está ampliando a alta com a nova crise do petróleo. Após desentendimentos com a Rússia, a Arábia Saudita anunciou que vai aumentar a produção do combustível e dar descontos para os compradores, fazendo os preços caírem com força. O barril do óleo tipo Brent caía 19,8%, vendido a 36,48 reais o barril na bolsa de Londres.

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"Para alguns países esse preço vai ficar abaixo do custo de produção. Isso pressiona o comércio do mundo todo", diz Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos.

Para tentar amenizar o movimento de alta, o Banco Central fez nesa manhã um leilão de 3 bilhões de dólares à vista. Na última sexta-feira (6), a autoridade monetária havia anunciado que faria leilão de apenas 1 bilhão de dólares. Mas os acontecimentos do fim de semana, fez o BC rever os planos.

Embora tenha sido insuficiente para mudar a direção do câmbio, a medida do BC suavizou a valorização do dólar, que chegou a atingir cotação recorde de 4,793 reais mais cedo. Às 10h20, a moeda americana subia 2,56% e era negociada por 4,753 reais na venda. Nesta segunda-feira, o diretor de política monetária da autarquia, Bruno Serra, indicou que as intervenções cambiais do Banco Central podem durar o tempo que for necessário e que não tem preconceito ou preferência por uso de nenhum dos instrumentos à sua disposição.

No radar dos investidores estão as negociações sobre a produção de petróleo. Após desentendimentos com a Rússia, a Arábia Saudita anunciou que irá aumentar a produção da commodity, fazendo o preço do barril de petróleo desabar mais de 30%.  Pela manhã, os petróleos Brent e o WTI recuavam 21% e eram negociados por cerca de 35 dólares e 32 dólares, respectivamente.

"Para alguns países esse preço vai ficar abaixo do custo de produção. Isso pressiona o comércio do mundo todo", comentou  Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos.

Com a forte valorização do dólar, o mercado já começa a rever as projeções para a Selic, já que um novo corte poderia aumentar a desvalorização do real. "Com certeza, o Banco Central já está repensando sobre o corte de juros. Neste momento, ele não pode fazer nada que pressione ainda mais o real", disse Nagem.  André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, disse que pode rever a projeção da casa para nenhum corte de juros.

No exterior, o dólar se apreciava frente a moedas emergentes, chegando a subir mais de 7% em relação ao peso mexicano.Contudo, o índice Dxy (que mede o desempenho da moeda americana frente a divisas de países desenvolvidos) caía 0,5%. A queda era pressionada, principalmente, pelo euro, iene e libra, que se valorizaram. "Está todo mundo correndo para as moedas mais seguras, de países de primeiro mundo. Não há mais preocupação com juros. Tem que se proteger o máximo possível", afirmou Nagem.

O dólar interbancário caiu 0,36% na última sessão, a 4,6344 reais na venda, primeira queda em 12 pregões.

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