Mercados

Dólar fecha em alta com cenário externo negativo e Bolsonaro com Covid-19

Aumento do número de casos de coronavírus nos EUA e revisão de PIB da União Europeia pressionam mercados

Dólar: moeda sobe pelo segundo dia seguido (Gary Cameron/Reuters)

Dólar: moeda sobe pelo segundo dia seguido (Gary Cameron/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 7 de julho de 2020 às 17h00.

Última atualização em 7 de julho de 2020 às 17h31.

O dólar encerrou em alta, nesta terça-feira, 7, após o presidente Jair Bolsonaro confirmar que está com coronavírus. O cenário externo negativo, com os investidores repercutindo o aumento do número de casos nos Estados Unidos e a revisão do PIB da União Europeia para baixo também pressionaram o real.

O dólar comercial subiu 0,6% e encerrou sendo vendido por 5,386 reais. O dólar turismo, com menor liquidez, avançou 1,8%, cotado a 5,67 reais.

A preocupação não é apenas com o bem-estar de Bolsonaro, mas com o potencial contágio de ministros e parlamentares do primeiro escalão que recentemente se encontraram com o presidente. "Além disso, o discurso do presidente de não fazer auto isolamento perde força nesse momento, o que pode facilitar o fechamento dos comércios nos estados", afirma Bruno Lima, analista de renda variável da Exame Research.

Para Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus, o resultado do teste desagradou o mercado. "Isso prejudica a imagem dele, porque era algo que ele poderia ter evitado andando de máscara. Ele abusou em alguns momentos. Foi irresponsabilidade", disse.

Antes de o presidente confirmar que está infectado, o dólar chegou a operar em queda de pouco mais de 1%, com a maior entrada de fluxo estrangeiro.

Segundo Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti, capitalizações de empresas brasileiras no exterior podem ter contribuído para o movimento, como a de 1,5 bilhão de dólares feita pela Vale. "Em algum momento esse dinheiro tinha que entrar. O mercado está meio parado, com liquidez reduzida. Então, qualquer fluxo grande faz preço", disse.

Apesar da forte volatilidade do real, seus pares emergentes tiveram um dia majoritariamente negativo, com o crescente número de casos de coronavírus nos Estados Unidos elevando as dúvidas quanto à recuperação da economia global. De acordo com a CNN americana, a taxa de infecção continua aumentando em 32 dos 50 estados americanos. A revisão do PIB da União Europeia também colocou em xeque a expectativa de uma retomada econômica mais forte no segundo semestre.

Devido à pandemia, a União Europeia revisou a projeção do PIB deste ano de contração de 7,5% para queda de 8,3%. O bloco também reduziu a expectativa de expansão econômica referente ao ano que vem de 6% para 5,8%. Com o maior pessimismo sobre a economia europeia, o euro se desvalorizou frente ao dólar, impulsionando o índice dólar (DXY), que operou no positivo.

“A notícia da União Europeia está refletindo em preço piores para os mercados europeus”, disse Lima. Como pano de fundo, segundo ele, para a revisão das projeções europeias está a produção industrial da Alemanha, principal país, em termos econômicos, do bloco.

Divulgado ainda pela madrugada, a produção industrial alemã de maio cresceu apenas 7,8% em relação ao mês anterior, ficando mais de 2 pontos percentuais abaixo da expectativa de mercado, que esperava crescimento de 10%.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólar

Mais de Mercados

Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%

Petrobras anuncia volta ao setor de etanol