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Diretores do Dexia defendem sua gestão após segundo resgate

Para os responsáveis pelo banco, as decisões de recapitalização tomadas em 2008 foram inapropriadas porque o problema da entidade era de liquidez e não de solvência

O Dexia tinha superado com nota as provas de solvência realizadas aos bancos europeus em julho, mas um mês depois anunciou perdas de € 4 bilhões neste segundo trimestre (Dirk Waem/AFP)

O Dexia tinha superado com nota as provas de solvência realizadas aos bancos europeus em julho, mas um mês depois anunciou perdas de € 4 bilhões neste segundo trimestre (Dirk Waem/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2011 às 18h08.

Bruxelas - Os máximos responsáveis pela direção do Dexia defenderam nesta segunda-feira sua gestão à frente do banco franco-belga nos últimos anos, criticando as decisões tomadas no primeiro resgate público.

O executivo-chefe do Dexia, Pierre Mariani, muito criticado por ter cobrado prêmios muito elevados após o primeiro resgate da entidade em 2008, e o presidente do Conselho de Administração, Jean-Luc Dehaene, asseguraram em entrevista coletiva que se encontraram uma situação insuperável ao tomar o comando do grupo.

Na opinião dos responsáveis pelo banco, as decisões de recapitalização que foram tomadas em 2008 foram inapropriadas porque o problema que a entidade tinha era de liquidez e não de solvência.

O segundo resgate do Dexia já cobrou a primeira vítima nas mais altas hierarquias do banco: Dehaene apresentou sua demissão como administrador do Dexia Bancos Bélgica, a filial belga do grupo que será nacionalizada pelo Estado belga por 4 bilhões de euros.

Entretanto, ele continuará sendo presidente do Conselho de Administração do grupo Dexia em nível global.

'Depois da venda de Dexia Bancos Bélgica ao Estado belga, esta representação já não está justificada', defendeu o banco.

O ministro belga de Finanças, Didier Reynders, descartou nesta segunda-feira na rádio e televisão pública 'RTBF' que Dehaene assuma a presidência do novo banco.

Em uma crítica direta a Dehaene, que foi primeiro-ministro entre 1991 e 1999, Reynders afirmou que a nova entidade será presidida por 'verdadeiros profissionais'.


Dexia já passou um resgate multimilionário e uma reestruturação em 2008 por sua exposição às hipotecas 'subprime' de seu filial americano FSA.

Na época, ele foi submetido a um plano de recapitalização no valor de 6,4 bilhões de euros, dentro de um programa de salvamento da Bélgica, França e Luxemburgo, que também incluía uma garantia de 150 bilhões de euros.

Um ano mais tarde, a Comissão Europeia autorizou o prolongamento das garantias além de fevereiro de 2010.

Três anos depois, Dexia estará dividido em três e seus ativos tóxicos isolados em uma entidade separada.

O Estado belga ficará com a totalidade do capital social do Dexia Bancos Bélgica, enquanto as ramificações da França e de Luxemburgo também serão separadas.

O Conselho de Administração do Dexia confirmou nesta segunda-feira que autorizou iniciar os contatos com o banco público francês Caisse dês Dépôts et Consignations (CDC), o maior acionista do Dexia, e com o Banque Postale para determinar o futuro da filial francesa, Dexia Municipal Agency (DMA), que também será vendida.

Os veículos de imprensa belgas afirmaram que DMA será adquirida pelo Estado francês para atender ao financiamento das entidades locais, por um importe de entre 650 e 700 milhões de euros.

Paralelamente, o banco negocia a venda de sua filial em Luxemburgo, com uma sociedade do Catar, assegurou nesta segunda-feira o ministro das Finanças luxemburguês, Luc Frieden.

O movimento central do resgate é a transferência dos ativos tóxicos a uma entidade residual para sanar as contas.

Tratam-se dos ativos relacionados com a dívida soberana, entre os quais figuram atividades de Dexia Sabadell (Espanha), Dexia Crediop (Itália) e DKD (Alemanha), segundo assinalou Mariani.

O banco residual terá ativos por 90 bilhões de euro, que serão garantidos pelos Estados belga (60,5%), francês (36,5%) e luxemburguês (3%).

Deste modo, a Bélgica terá que garantir cerca de 54 bilhões de euros, em torno de 15% do PIB, já a França será responsável por 32,85 bilhões e Luxemburgo 3,15 bilhões.

'Foi uma decisão difícil, mas o Conselho não duvidou em assumir suas responsabilidades', afirmou Dehaene.

O Dexia tinha superado com nota as provas de solvência realizadas aos bancos europeus em julho, mas apenas um mês depois anunciou perdas de 4 bilhões de euros no segundo trimestre desse ano.

A agência de qualificação de riscos Fitch rebaixou na semana passada a qualificação do Dexia, e a Moody's ameaçou fazer o mesmo, o que provocou primeiro uma queda nas ações do banco na bolsa e depois uma suspensão de sua participação no seletivo, que ainda é mantida. 

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