Mercados

CVM aperta o cerco; veja as maiores multas e termos de compromisso de 2010

Ano contou com o maior termo de compromisso assinado na história do mercado brasileiro: R$ 150 milhões

Termo de compromisso assinado pela francesa Vivendi foi o maior da história (Getty Images)

Termo de compromisso assinado pela francesa Vivendi foi o maior da história (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de janeiro de 2011 às 05h12.

São Paulo – A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) apertou o cerco aos infratores no mercado financeiro brasileiro em 2010. Foram 165 multas aplicadas no ano, sendo a maior para o Credit Suisse, no valor de 22,7 milhões de reais. A autarquia, liderada pela presidente Maria Helena Santana, ainda celebrou 52 termos de compromisso. O maior, de 150 milhões de reais, foi assinado com a telecom francesa Vivendi. Foi também o maior termo assinado na história do mercado de capitais brasileiro.

Segundo um levantamento obtido por EXAME.com produzido pela CVM, o ano de 2010 registrou também o maior valor anual já obtido em termos de compromisso, alcançando os 165,884 milhões de reais. A maior penalidade do ano seria a conferida aos investidores Fernando Salles Teixeira de Mello, José de Vasconcellos e Silva, Olimpio Uchoa Vianna e Eduardo Jorge Chame Saad, acusados de fraude na venda de créditos imobiliários do extinto Banco do Estado do Rio de Janeiro (Banerj).

Os acusados conseguiram, pela segunda vez, a suspensão da multa de 500 milhões de reais em dezembro. Na primeira, a CVM recorreu da decisão, porém o desembargador federal José Antonio Lisboa Neiva, da 7ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da Segunda Região Administrativa (RJ) voltou a suspender a penalidade, alegando a ausência de documentos que comprovem a fraude. Seria a primeira decisão anulada na história da autarquia.

Acompanhe abaixo as duas principais decisões da CVM em 2010:

Caso Vivendi – R$ 150 milhões

A empresa francesa de telecomunicações foi acusada de induzir ao erro os investidores ao afirmar para o mercado que já possuía uma participação na brasileira GVT que seria suficiente para impedir que o controle acionário da companhia fosse adquirido por uma outra empresa. Segundo a CVM, quando a empresa divulgou em 13 de novembro de 2009 deter 57,5% das ações da GVT, na verdade possuía, no máximo, 47,8% representavam uma participação efetiva em ações ou direitos de aquisição de ações.

Isso ocorreu porque a Vivendi tinha um contrato com uma contraparte que a conferia o direito de comprar 9,7% das ações. Desta forma, a SEP (Superintendência de Relações com Empresas) entendeu que, embora o objetivo final fosse o acesso às ações, “a ciência por parte dos investidores de que a contraparte da Vivendi teria que comprar, em mercado, pelo menos 9,7% das ações da GVT de forma a honrar o contrato firmado traria como principal efeito prático a percepção de que, naquele momento, o controle ainda poderia vir a ser adquirido por terceiros”, afirma.

A manobra utilizada pela francesa foi muito discutida à época, principalmente porque a espanhola Telefônica também brigava pelo controle da GVT. Em defesa, a Vivendi afirmou que não alterou a percepção do mercado quanto à aquisição do controle da GVT por faltar com informações. Segundo ela, a oferta da Telefônica falhou porque pagou um preço que jamais seria alcançado pela espanhola. A francesa propôs o pagamento de 5 milhões de reais para encerrar o processo. A CVM rejeitou a proposta. A Vivendi, então, propôs o pagamento de 150 milhões de reais, este então aceito pela autarquia.

Insider trading no Credit Suisse – R$ 22,7 milhões

A CVM acusou o banco de usar informações privilegiadas na venda da Terna Participações para a Cemig em abril de 2009. No dia 13 daquele mês, segundo a CVM. Integrantes do banco se encontraram com executivos da Terna para discutir a venda da empresa à Cemig. Depois, no dia 15, dois fundos do banco começaram a comprar os certificados de ações (units) da Terna, que à época negociavam na BM&FBovespa. A operação só foi anunciada oficialmente no dia 23 de abril.

“Com a elevação de preço provocada pela divulgação da venda do controle, o Fundo Credit Carteira Própria e o Credit International obtiveram expressivos lucros com as operações realizadas. Segundo os cálculos realizados pela SMI, o Fundo Credit Carteira Própria lucrou R$1.270,131,70 e o Credit International lucrou R$7.573.371,30, tudo isso em menos de duas semanas, conforme aponta a acusação”, afirmou a autarquia.

A decisão da CVM foi a de multar o Credit Suisse International em 22,720 milhões de reais e o Credit Suisse Próprio Fundo de Investimento em Ações em 3,691 milhões de reais, o equivalente a três vezes o montante da vantagem econômica obtida por cada um com o uso da informação, informou a decisão. Os acusados ainda podem recorrer.

O banco rebateu as acusações e disse que notícias divulgadas pela imprensa em fevereiro, março e abril informavam que a Terna Itália poderia vender o controle da Terna Brasil. “Uma dessas notícias, datada de fevereiro de 2009, cita o próprio presidente da Terna Italia como fonte dessa informação; outra, de 22 de abril de 2009, menciona a Cemig como possível compradora”, informou o banco em sua defesa. O Credit ainda afirmou que a CVM considerou o banco como um só, sem considerar que cada entidade do banco possui uma pessoa jurídica diferente, inclusive em diferentes continentes.

Acompanhe tudo sobre:Açõesbolsas-de-valoresCVMEmpresasEmpresas francesasGVTInside tradingMercado financeiroServiçosTelecomunicações

Mais de Mercados

Forever 21 se prepara para fechar lojas como parte do pedido de falência, diz Bloomberg

CSN (CSNA3) sobe na bolsa com Ebitda acima do esperado e empresa volta a valer R$ 12 bilhões

Governo fará troca no conselho da Petrobras; saiba quem entra e quem sai

Previ, fundo de pensão do BB, sai de superávit para déficit de R$ 17,6 bi em 2024