Mercados

Crise do subprime pode ter prejudicado oferta do PanAmericano

Para especialista, baixo valor dos papéis representa oportunidade para os investidores

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 11h07.

A fixação do preço inicial das ações do Banco PanAmericano em 10 reais, abaixo do piso de 12,50 reais projetado pelos coordenadores da oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês), surpreendeu os analistas, que previam bons resultados para a instituição financeira do empresário Silvio Santos. Um provável motivo para tal desempenho, segundo Antonio Bento Furtado de Mendonça Neto, sócio da consultoria Solving do Brasil, é a crise do crédito hipotecário nos Estados Unidos, que teria afugentado os investidores."Apesar de o setor financeiro brasileiro ser muito bom, a crise do subprime gerou um certo trauma nos investidores. E, como a maior parte deles é estrangeira, isso refletiu diretamente no preço do papel", afirma o especialista.

Nas últimas semanas, grandes instituições financeiras, como Citigroup, Merrill Lynch, UBS e Credit Suisse divulgaram perdas de bilhões de dólares com ativos subprime, mostrando que o estrago é muito maior do que se imaginava. Pelas estimativas do Deutsche Bank, os prejuízos podem chegar a 400 bilhões de dólares.

Uma máxima do mercado financeiro, no entanto, diz que toda crise embute uma oportunidade. E no caso da oferta do PanAmericano não é diferente, segundo Mendonça Neto. "O preço baixo das ações do banco é uma boa notícia para os investidores. A instituição é uma das melhores do segmento de bancos médios e a crise do crédito hipotecário não muda em nada os fundamentos da empresa", afirma.

Para o especialista, o banco de Silvio Santos possui ao menos duas vantagens sobre a concorrência: atua no segmento que é hoje o filet mignon do crédito - o financiamento ao consumo voltado para média e baixa renda - e possui grande expertise e tradição, operando há mais de 30 anos no mercado. "Enquanto os grandes bancos foram obrigados a criar ou comprar financeiras para atender o segmento de baixa renda, o PanAmericano já nasceu com esse perfil. Ou seja, conhece muito bem o público com o qual trabalha", diz Mendonça Neto.

No primeiro semestre deste ano, o lucro líquido da instituição chegou a 101,1 milhões de reais, valor 171,4% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. O resultado deve-se em grande parte à expansão de 35% na carteira total de crédito, que totalizou 2,09 bilhões de reais no final do primeiro semestre. As operações de crédito pessoal e financiamento de bens são as que detêm maior peso na carteira (31,5%), somando 658,4 milhões de reais após registrar um crescimento de 42% sobre o resultado do primeiro semestre de 2006. A maior expansão, no entanto, foi verificada no crédito consignado, que saltou 225%, para 490,6 milhões de reais.

A estréia das ações do PanAmericano na Bovespa está prevista para a próxima segunda-feira (19/11), sob o código BPNM4.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Mercados

Powell indicará queda de juros em setembro? O que esperar de discurso em Jackson Hole

Ibovespa vai a 136 mil pontos pela primeira vez com Jackson Hole e Focus no radar

Arábia Saudita quer completar uma missão: 'comprar o mundo'

Boletim Focus, Jackson Hole e eleições americanas: os assuntos que movem o mercado

Mais na Exame