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Conheça a aposta mais controversa da bolsa em abril

Depois de cair 20% em março, ações da Anhanguera dividem as opiniões de analistas


	Receita do 4º tri foi impactado pelo cancelamento de R$13,4 mi em matrículas de alunos do FIES
 (Divulgação)

Receita do 4º tri foi impactado pelo cancelamento de R$13,4 mi em matrículas de alunos do FIES (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2013 às 15h32.

São Paulo - Após as ações da Anhanguera Educacional (AEDU3) caírem mais de 20% em março – a 4ª maior queda do Ibovespa no mês -, elas agora dividem as opiniões dos analistas.

Enquanto alguns acreditam que os resultados decepcionantes do quarto trimestre são motivo suficiente para excluí-la da carteira, outros enxergam o momento como boa oportunidade de compra dos papéis.

Resultados

No resultado do quarto trimestre de 2012, apresentado no dia 25 de março, todas as principais linhas do balanço da Anhanguera vieram abaixo do estimado pelos analistas.

Um dos pontos que mais chamou atenção foi a receita líquida de 363,1 milhões de reais, apenas 3,8% superior ao mesmo período de 2011.

Segundo a própria empresa admite em relatório de resultados, o fraco resultado foi impactado pelo cancelamento de 13,4 milhões de reais em matrículas de 5,1 mil alunos que tinham contratado um empréstimo do FIES (Financiamento Estudantil). 

José Augusto Teixeira, vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Anhanguera, explica que esses alunos foram impedidos de entrar no FIES em agosto de 2012 por conta do término da vigência de uma liminar do MEC (Ministério da Educação) que permitia que os alunos com restrições de crédito pudessem financiar seus estudos.


Foi só em 28 de dezembro que o MEC publicou a Portaria nº28, permitindo que alunos com restrições de crédito voltassem a ser elegíveis. “Todos esses alunos já estão devidamente matriculados em seus cursos e com os financiamentos contratados”, afirma José Augusto.

Como forma de mostrar confiança em seu negócio, três dias após a divulgação dos resultados, a Anhanguera informou que irá recomprar até 7,28 milhões de ações ordinárias, que correspondem a 5% do total de papéis em circulação no mercado.

Carteiras

Entre 10 corretoras, duas retiraram (XP Investimentos e Ágora) as ações da Anhanguera de suas carteiras recomendadas de abril, seis mantiveram (Credit Suisse, Quantitas, BTG Pactual, Coinvalores, SLW e Morgan Stanley) e outras duas incluíram (Indusval e Ativa). 

Na opinião dos analistas da XP, que retirou as ações de suas recomendações para abril, a empresa reportou um resultado “supreendentemente negativo”. A principal preocupação recai sobre os alunos do FIES. 

“Num primeiro momento vimos como um evento pontual, entretanto, percebemos que a forma de contabilização de alunos cadastrados no FIES pela Anhanguera permite um risco adicional que não estamos dispostos a assumir”, afirma o relatório.

Queda exagerada

Para José Augusto, da Anhanguera, a queda de 20% no mês tem pouco a ver com os resultados apresentados pela empresa.


“A ação já vem subindo muito mais que o Ibovespa há tempos. Foi um movimento de realização de lucros e de realocação de recursos em outros setores por parte dos investidores”, argumenta o vice-presidente.

Carlos Sequeira, analista do BTG Pactual, concorda. Ele acredita que a queda foi uma reação exagerada dos investidores e decidiu manter os papéis entre suas recomendações, mostra o texto da carteira recomendada enviada para clientes.

Sandra Peres, da Coinvalores, também está otimista em relação ao futuro da empresa.

A analista acredita que a base de alunos vinculados ao programa do governo continuará crescendo, refletindo em melhora na inadimplência e também diminuindo a evasão.

Confiando na expansão da penetração FIES nos campus da Anhanguera nos próximos anos e da expansão da base de alunos – principalmente no setor de educação a distância -, a Ativa optou por substituir as ações da Kroton pelos da Anhanguera em sua carteira recomendada de abril.

A análise destaca ainda que o fraco desempenho dos papéis nesse último mês cria um grande potencial de valorização no médio prazo, o que torna a ação ainda mais interessante. 

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