Nova York/Londres - O maior rali nas ações de países em desenvolvimento em um ano está mostrando sinais de reverter-se para os analistas que acompanham indicadores técnicos.

O índice MSCI de mercados emergentes elevou-se 6,2 por cento nos últimos seis dias, a maior alta no período desde setembro de 2012, devido à redução da perspectiva de um potencial ataque militar americano na Síria e à melhora dos dados econômicos na China. O índice de força relativa para a medição chegou a 70 – o limiar que sinaliza que um ativo tende a declinar – pela primeira vez desde 14 de janeiro. Esse nível foi precedido por uma queda de 18 por cento em cinco meses.

Embora as ações de nações em desenvolvimento tenham avançado 12 por cento desde seu valor mais baixo em 2013, registrado em junho, e o Ibovespa brasileiro tenha se tornado altista nesta semana, as ações continuam em um recuo de 6 por cento neste ano. A medição do MSCI está a caminho da sua maior brecha negativa anual frente ao índice de países desenvolvidos desde 1998, que cresceu 15 por cento em 2013. As ações de mercados emergentes operavam a 10,6 vezes os lucros estimados em 10 de setembro - o maior nível desde maio.

“Os investidores estão parando para tomar ar”, disse por e-mail Joseph Dayan, diretor de mercados sediado em Londres na BCS Financial Group, o maior operador de ações na bolsa de Moscou. “Neste momento, não há muito mais do que isso”.

Os últimos dados econômicos da China ao Brasil apontam para uma melhoria nas condições de crescimento das economias em desenvolvimento e deveriam ajudar a incentivar a demanda em ativos de mercados emergentes, segundo Regis Chatellier, estrategista na Société Générale SA, em Londres.

A produção fabril na China aumentou 10,4 por cento frente há um ano, as exportações do país subiram mais do que o estimado em agosto e a inflação permaneceu abaixo da meta do governo, ajudando o primeiro-ministro Li Keqiang a sustentar uma recuperação de um desaquecimento de dois trimestres na segunda maior economia do mundo.

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PIB do Brasil

O PIB do Brasil expandiu-se 1,5 por cento durante o segundo trimestre – 6 por cento anualizado – disse o IBGE em 30 de agosto. Trata-se do maior ganho desde o primeiro trimestre de 2010, superando os 44 prognósticos de analistas consultados pela Bloomberg, cuja mediana de estimativas foi de 0,9 por cento.

Mesmo com a melhoria das variáveis econômicas básicas na China, que potencia a perspectiva para o mercado acionário do país, a volatilidade dos mercados emergentes deveria continuar alta porque a Reserva Federal americana diminuirá os estímulos monetários, de acordo com Saharat Chudsuwan, vice-presidente sênior sediado em Bangkok na Tisco Asset Management Co., que possui cerca de US$ 4,7 bilhões em ativos. A volatilidade em 90 dias do índice MSCI de mercados emergentes chegou a 17,5 pontos ontem, o maior nível em aproximadamente um ano.

Estímulos do Fed

O índice MSCI perdeu 5,4 por cento desde 22 de maio, quando o Fed expressou que seu programa de compra de ativos poderia ser reduzido se a economia americana mostrasse uma recuperação contínua. Os investidores retiraram aproximadamente US$ 44 bilhões em ações e fundos de títulos de mercados emergentes desde o final de maio, informou em 23 de agosto a EPFR Global, sediada em Cambridge, Massachusetts.

Ainda com a queda deste ano, as ações dos mercados emergentes continuam sendo menos atrativas do que as de nações desenvolvidas, segundo Marc Desmidt, diretor de estratégias básicas para a região de Ásia-Pacífico na BlackRock Inc., a maior gestora de ativos do mundo.

“É verdade que alguns desses mercados sofreram excesso de vendas. Provavelmente o pessimismo pareça um tanto alto”, disse Desmidt em entrevista à Bloomberg Television, de Hong Kong, em 11 de setembro. “Não me surpreende observar certa recuperação neles. Mas de forma geral, acredito que haja mais estresse nos mercados emergentes”.