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Compra da Nyse pode acelerar criação de bolsa no Brasil

Segundo especialistas, tanto a Nyse quanto a ICE possuem projetos de abrir bolsas no país, que deve se acelerar com a operação


	Operadores trabalham na Bolsa de Nova York: com a compra da Nyse, analistas acreditam que fica mais fácil um acordo para que a Cetip assuma o papel de clearing também de ações
 (REUTERS/Brendan McDermid)

Operadores trabalham na Bolsa de Nova York: com a compra da Nyse, analistas acreditam que fica mais fácil um acordo para que a Cetip assuma o papel de clearing também de ações (REUTERS/Brendan McDermid)

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Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2012 às 08h49.

São Paulo - A compra da Nyse Euronext, controladora da Bolsa de Nova York e de diversas outras bolsas na Europa, pela IntercontinentalExchange (ICE) pode acelerar a criação de uma nova bolsa no Brasil, afirmam especialistas. A ICE é um grupo que controla diversas bolsas de energia e futuros e, com a Nyse, passa a atuar também no segmento de ações.

A nova empresa será uma grande concorrente de outros grupos internacionais, como a CME, da Bolsa de Chicago, sócia da BM&FBovespa, e da alemã Deutsche Bourse.

O reflexo no Brasil se dá pelos projetos das duas empresas, de abrir bolsas no país. A ICE é sócia minoritária da Cetip, que já anunciou ter planos de abrir uma bolsa de derivativos. A empresa já pediu inclusive autorização para abertura de uma central de liquidação financeira (clearing) para derivativos ao Banco Central.

Já a Nyse tem uma parceria com um grupo brasileiro, a Americas Trading Group, para criar uma bolsa de ações, tendo criado uma empresa local, a Americas Trading Systems (ATS) no início deste mês.

A tendência é de continuidade dos projetos, já que as equipes que negociaram os dois acordos devem continuar na nova empresa. A ICE não tem expertise em ações e, portando, deve manter os executivos da Nyse.

A expectativa agora é se a ICE vai unir os dois projetos, o que pode facilitar a criação de uma nova bolsa no Brasil, tanto para derivativos quanto para ações. No caso da ATS, o grande problema era o fato de o grupo não ter uma central de liquidação, já que dificilmente a BM&FBovespa liberaria a CBLC para liquidar as operações da concorrente. Por isso, uma parceria com a Cetip seria um caminho natural, avaliam especialistas.

Com a compra da Nyse, analistas acreditam que fica mais fácil um acordo para que a Cetip assuma o papel de clearing também de ações. “A compra, no mínimo, vai ajudar nisso”, diz um especialista do setor que pediu para não ter seu nome citado. Isso dependerá, porém, de negociações e de uma autorização do Banco Central para a criação de outra clearing, de ações.

Procurado, o presidente da ATS, Alan Gandelman, disse que nada muda no projeto de criação da bolsa no Brasil com a operação entre Nyse e ICE. “Ficamos até mais animados com o fortalecimento do grupo”, afirmou. Já a Cetip divulgou nota afirmando que não comentaria o acordo. A BMFBovespa também não quis comentar.

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