Com crise, Ibovespa pode cair 24% no pior cenário, diz UBS
Economista do UBS, Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central, retirou a recomendação de compra que o banco tinha para ações brasileiras
Da Redação
Publicado em 22 de maio de 2017 às 09h55.
Última atualização em 22 de maio de 2017 às 09h56.
Dois bancos internacionais importantes, o suíço UBS e o alemão Deutsche Bank, mudaram suas recomendações para os ativos brasileiros após o início da crise política que pode derrubar o presidente Michel Temer e paralisar o ajuste fiscal e as reformas da Previdência e trabalhista.
O economista do UBS, Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central (BC), retirou a recomendação de compra (overweight) que o banco tinha para ações brasileiras, afirmando que há uma tendência de queda material para os papéis diante do cenário político volátil.
Já o Deutsche mudou para vender (underweight) os papéis da dívida brasileira no exterior, diante do risco de que a crise política ameace o crescimento da economia, coloque riscos para a reforma fiscal e eleve a possibilidade de um rebaixamento da nota de crédito brasileira.
Para o Deutsche, um novo rebaixamento de rating não está ainda embutido nos preços dos papéis. Mesmo assim, o banco alemão mantém a preferência por papéis no exterior da Petrobras.
Em relatório enviado aos clientes, o UBS estima que o índice Ibovespa poderia perder até 24%, recuando para 51 mil a 52 mil pontos, se a situação de crise atual for igual à vista em outras ocasiões, como escândalo da Lava Jato.
Porém, o UBS reconhece que a economia brasileira melhorou muito desde 2014 e há um cenário de juros menores, portanto, essa queda seria um pior cenário.
Nesse ambiente de maior cautela, o banco recomenda papéis de alta qualidade, preferencialmente exportadores, com ganhos em dólar e balanços fortes.
Ou empresas domésticas de alta qualidade, com forte geração de caixa, com dividendos altos e baixo endividamento. A lista do banco suíço inclui Ambev, Queiroz Galvão, Companhia Paulista de Transmissão, Telefônica Brasil e, entre os exportadores, Klabin e BRF.
Para Tony Volpon e sua equipe, a principal questão não e como, mas quando a crise política estará superada, levando os mercados de volta à normalidade.
O melhor cenário seria a rejeição rápida das acusações contra Temer no Supremo Tribunal Federal (STF), que traria a estabilidade aos mercados.
Outra opção, menos simpática ao mercado, seria a renúncia, que seria seguida da escolha de um presidente temporário que poderia retomar as reforma da Previdência e trabalhista e o ajuste fiscal. Mesmo assim, essa situação criar uma alta incerteza no médio prazo.
Já o pior cenário seria uma incerteza política prolongada, com o país enfrentando um novo processo de impeachment e elevando potenciais tensões sociais e um retorno a um cenário político parecido com o do segundo semestre de 2015.
Revisão da nota neste mês
Já o Deutsche tem uma avaliação semelhante da crise política, com o agravante que agências de rating podem rever a nota de crédito do país. O banco lembra que a Standard & Poor’s e a Moody’s recentemente reafirmaram as notas brasileiras, sendo que a Moody’s retirou a perspectiva negativa do país.
E as reformas são condições chave para a melhora do crédito ou seu rebaixamento. Apesar de considerar a situação ainda muito indefinida para saber o futuro das reformas, o banco considera que os riscos de novos rebaixamentos neste ano cresceu significativamente. O Deutsche lembra que a Fitch deve rever a nota brasileira neste mês.
Este conteúdo foi originalmente publicado no blog Arena do Pavini.