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Churrasco bem salgado para os investidores em ações dos frigoríficos

Muito alavancadas, empresas do setor despencam na bolsa; só a Brasil Foods se salva

Os investidores não têm motivos para comemorar o desempenho dos frigoríficos (Leo Feltran)

Os investidores não têm motivos para comemorar o desempenho dos frigoríficos (Leo Feltran)

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2011 às 14h51.

São Paulo – Os investidores em ações das empresas ligadas ao setor de carnes na bolsa brasileira não têm o que festejar. Os principais frigoríficos do país estão entre os piores desempenhos no ano, com uma queda de aproximadamente 40%. Muito alavancadas, as companhias têm sofrido com a desconfiança do mercado.

“O setor de proteínas do Brasil continua sob pressão em virtude dos altos preços de grãos e do gado, volatilidade cambial e condições econômicas globais frágeis e instáveis. Os preços das ações das principais empresas foram afetados em função disso.”, destacam em relatório Pedro Herrera, Diego Maia e Ravi Jain, analistas do HSBC.

Eles revisaram as projeções para as 4 companhias do setor listadas na Bovespa:

Brasil Foods (BRFS3) – É a única a apresentar uma performance positiva em 2011, com uma valorização de 23%. “A BRF continua a ter desempenho acima do mercado, e vemos um potencial de alta restante significativo”, ressaltam. O HSBC tem uma recomendação “overweight” e um preço-alvo de 42 reais, o que representa um potencial de valorização de aproximadamente 26%.

Os analistas veem quatro razões para confiar nas perspectivas: (1) aumento no guidance de sinergias da integração Perdigão-Sadia, atualmente em 500 milhões de reais; (2) os índices de alavancagem continuam a melhorar; (3) continuidade da expansão internacional; e (4) o equilíbrio entre as receitas domésticas e de exportações.

“A nosso ver, a BRF está a caminho de se tornar uma das maiores empresas de alimentos do mundo”, ressaltam.

Marfrig (MRFG3) – Os papéis da Marfrig têm o pior desempenho do setor na bolsa, com uma desvalorização de 54%. O banco destaca que a empresa tem uma alavancagem muito alta, embora a venda de ativos da Keystone e reestruturação em andamento “sejam um passo na direção certa”.

A recomendação foi elevada de “underweight” para “neutral”, mas o preço-alvo foi reduzido de 15 reais para 8,50 reais. O potencial de valorização estimado é de 17,5%. “A Marfrig continua extremamente alavancada, produzindo fluxos de caixa negativos”, afirmam os analistas.


Apesar disso, a empresa está vendendo ativos e focando em uma reestruturação corporativa e operacional, “a fim de aliviar a carga pesada de sua dívida e passar a registrar fluxo de caixa positivo”.

JBS (JBSS3) – As ações da JBS também têm sido penalizadas pelo mercado e acumulam uma baixa de 43% no ano. Assim como os frigoríficos Marfrig e Minerva, o JBS sofre com os efeitos da alta alavancagem. A recomendação para os papéis foi mantida em “neutral” e o preço-alvo caiu de 6,40 reais para 5 reais.

“A empresa continua concentrada na reestruturação da dívida e na racionalização de sua plataforma de produção global, a fim de se ajustar ao atual cenário desafiador”, mostra o relatório. As operações de aves nos EUA têm perdido as margens por conta de um excesso de oferta e dos altos preços dos grãos.

Minerva (BEEF3) – As ações também apresentam um desempenho fraco em 2011, com uma queda de 32%. “A empresa continua extremamente alavancada e a liquidez das ações continua baixa”, analisa o HSBC. Segundo o banco, o movimento recente de desvalorização do real, contudo, pode ser benéfico para as exportações.

A recomendação foi reiterada em “neutral” e o preço-alvo foi diminuído de 6,10 reais para 5,40 reais. O potencial de valorização é de aproximadamente 15%.

“As ações da empresa são tradicionalmente negociadas a um desconto significativo para seus pares, devido principalmente a sua diversificação geográfica limitada, baixa exposição a produtos processados, falta de diversificação em termos de proteínas e menor liquidez”, alertam os analistas.

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