O yuan pode superar o dólar e se tornar uma moeda global?
Processo de internacionalização da moeda começou em 2015 com um anúncio do FMI
Repórter colaborador
Publicado em 26 de junho de 2024 às 08h28.
Última atualização em 26 de junho de 2024 às 09h10.
Para o yuan ser usada de forma mais global, a moeda precisa de mais “aplicações”, como ações e títulos, disse Bonnie Chan, CEO da Bolsa de Hong Kong, na reunião “Summer Davos” do Fórum Económico Mundial em Dalian, na China. O encontro foi divulgado pela CNBC.
Pequim vem há tempos tentando tornar o yuan—também conhecido como “renminbi” ou “RMB—mais global, num mercado onde o dólar ainda predomina. Esse movimento ganhou força principalmente depois das sanções de Washington contra a Rússia em razão da guerra contra a Ucrânia. Muitos países entenderam que precisavam de uma alternativa à moeda americana.
No ano passado, a Bolsa de Hong Kong anunciou um programa que permite a investidores negociar títulos listados ali em dólares de Hong Kong ou em yuan.
O yuan foi a quarta moeda mais utilizada para pagamentos globais em maio, respondendo por quase 4,5% dessas transações, de acordo com a rede interbancária SWIFT. O dólar teve uma participação de quase 48%.
No financiamento comercial, o yuan ficou em terceiro lugar, com cerca de 5,1% em maio, segundo a SWIFT. O euro foi ligeiramente superior, 5,6%, enquanto o dólar dominou o levantamento com quase 85%.
As empresas chinesas há muito que procuram explorar os mercados financeiros dos EUA em busca do prestígio e da maior liquidez de mercado, mas o aumento do escrutínio regulamentar por parte de Pequim e de Washington diminuiu bastante essas movimentações nos últimos anos
As autoridades chinesas anunciaram na semana passada um novo esforço para apoiar IPOs, especialmente em Hong Kong.
Bonnie Chan disse que até agora a Bolsa de Hong Kong recebeu 73 novos pedidos de listagem – um aumento de 50% em relação ao segundo semestre do ano passado, disse ela. “O pipeline está crescendo bem”, afirmou, observando que cerca de 110 IPOs estão alinhados. “Tudo o que precisamos é de um conjunto de boas condições de mercado para que essas coisas sejam lançadas e tenham um bom preço”, acrescentou.
O início desse processo de internacionalização do yuan começou em 2015, quando o Fundo Monetário Internacional anunciou que iria incluir no ano seguinte a moeda chinesa em sua cesta de moedas de reservas.
Geraldo Alckmin na China