Invest

China acessa reservas estatais para frear preços das commodities

O país planeja expandir os estoques de carne suína para fortalecer o controle sobre o mercado, enquanto autoridades pedem uma construção mais rápida de infraestrutura de reservas de carvão

 (David Gray/Bloomberg)

(David Gray/Bloomberg)

B

Bloomberg

Publicado em 11 de junho de 2021 às 11h56.

A China decidiu recorrer às suas gigantescas reservas estatais - e secretas - em meio à campanha para frear os preços crescentes das commodities.

Como a política internacional impacta os investimentos? Aprenda a investir com a EXAME Academy

O país planeja expandir os estoques de carne suína para fortalecer o controle sobre o mercado, enquanto autoridades pedem uma construção mais rápida de infraestrutura de reservas de carvão e avaliam estabelecer um preço máximo devido à disparada dos preços de energia. A medida mais recente tem como alvo metais básicos: a China pretende oferecer cobre, alumínio e zinco diretamente a usuários finais para esfriar o rali, segundo pessoas a par do assunto, que não quiseram ser identificadas.

As commodities atingiram o nível mais alto em uma década, sendo que o cobre e o carvão bateram recordes no mês passado, pois a demanda supera a oferta e a recuperação global se acelera. Esse cenário reforça a preocupação de que fabricantes tenham que repassar os custos mais altos para consumidores em algum momento, prejudicando a economia. Autoridades já alertaram o mercado de futuros chinês, em especial especuladores e investidores que acumulam apostas em um ativo, e pressionaram algumas empresas a reduzirem posições com apostas na alta.

“Usar as reservas estatais cria uma espiral de preços psicológica autorrealizável”, disse Iris Pang, economista-chefe para Grande China no ING Bank. “Isso vai frear especuladores de posições compradas nos preços das commodities, o que pode realmente estabilizar o mercado.”

A China não divulga informações sobre os volumes de suas reservas estatais, mas o governo discretamente estoca commodities como forma de se proteger de futuras altas de preços. As matérias-primas podem ser liberadas em emergências, como em casos anteriores de venda de carne suína para aliviar temores de inflação devido à escassez do alimento básico.

Metais

Há uma quantidade mínima de metais que pode ser solicitada, disse uma pessoa a par do assunto. Para o cobre, são 500 toneladas, a oferta será mensal e durará o ano todo, disse a fonte. O teto relativamente alto para compras sugere que a oferta será limitada a empresas maiores.

As pessoas não deram mais detalhes sobre as quantidades, nem o mecanismo de como os metais serão liberados, incluindo preços. A notícia foi divulgada anteriormente pelo Futures Daily e pela agência Reuters. O artigo da Reuters citou um relatório da empresa de pesquisa CRU Group, segundo o qual a China pretende liberar de 800 mil a 900 mil toneladas de alumínio das reservas estatais no próximo mês. A CRU não quis comentar.

A Administração Nacional de Alimentos e Reservas Estratégicas confirmou o recebimento de um fax com pedido de comentários. Um fax para a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma não obteve resposta. A China tem avaliado o plano de vender cerca de 500 mil toneladas de alumínio dos estoques estatais desde pelo menos março.

A China continua preocupada com a alta dos preços das commodities, pois produtores downstream não resistiriam a margens estreitas, segundo Pang, do ING.

“A estabilidade de preços sempre foi uma das prioridades do governo chinês e, se os preços não caírem, não espero que essas medidas para esfriar o mercado parem por aí”, disse Howie Lee, economista do Oversea-Chinese Banking.

Esteja sempre informado sobre as notícias que movem o mercado. Assine a EXAME

Acompanhe tudo sobre:ChinaCommoditiesEmpresas estatais

Mais de Invest

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Alavancagem financeira: 3 pontos que o investidor precisa saber

Boletim Focus: o que é e como ler o relatório com as previsões do mercado

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio