Latas de cerveja (Susan Ellwood / EyeEm/Getty Images)
A indústria da cerveja está demonstrando uma resiliência que poderia impactar positivamente um dos principais operadores do setor, a Ambev (ABEV3).
Em um relatório divulgado nesta terça-feira, 5, pelo BTG Pactual (BPAC11), os analistas do banco indicam como a expectativa no setor de cerveja é de um ganho acumulado no trimestre de 5% na comparação anual, acima das previsões iniciais de volumes estáveis no segundo trimestre para o gigante das bebidas e para toda a indústria.
O Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) divulgou nesta manhã os dados mensais da produção industrial de cerveja indicando como o índice de produção foi de 104,2 em comparação com 99,8 registrados em abril (uma alta de 4,4% na comparação mensal) e ante um resultado de 106 registrado em maio de 2021 (queda de apenas 1,7% na comparação anual).
"Desde o início do ano [com exceção de janeiro, quando os volumes foram duramente atingidos pela variante ômicron], o desempenho geral da indústria de cerveja surpreendeu positivamente", indica o relatório do maior banco de investimentos da América Latina.
Um resultado que estaria alinhado com outros indicadores macroeconômicos e com o crescimento do produto interno bruto (PIB) e queda na taxa de desemprego.
Um contexto positivo que está se delineando apesar da inflação de alimentos que vem corroendo a renda disponível global.
Com as expectativas de aumento de preços durante o terceiro trimestre, os analistas do BTG Pactual aguardam um resultado "relativamente sólido" em junho, à medida que o setor acumula estoques.
A inflação de cerveja para os consumidores permanece baixa em relação ao índice geral de preços, com uma alta de 8,1% para cerveja no segundo trimestre deste ano ante um aumento de 12% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Isso significaria que o aumento dos volumes de consumo poderia ser oriundo de uma melhor acessibilidade por parte da população.
"Uma demanda mais forte pode significar que o setor [liderado pela Ambev, talvez] possa ter uma temporada de preços mais forte neste ano", escreveram os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin.
Em seu último relatório sobre a empresa, o BTG Pactual reiterou sua visão neutra em relação as ações da Ambev, que mantém há vários anos.
A visão do BTG Pactual é que as margens da Ambev poderiam estar sob pressão, uma vez que a mudança dos canais de consumo de cerveja e das embalagens no Brasil pode prejudicar a capacidade da empresa de sustentar o valor da marca, traduzindo-se em alguma redução do poder de precificação.
O potencial de valorização das ações foi interrompido nos últimos anos por contínuas revisões negativas dos lucros
Além disso, existe uma correlação importante entre os resultados da empresa e as taxas de juro.
O desempenho dos preços das ações no setor de bebidas manteve uma forte correlação histórica com as taxas de juro.
"À medida que o combate à inflação volta a ser uma prioridade global, acreditamos que taxas mais altas podem se traduzir em múltiplos mais baixos, afetando também a Ambev. Acreditamos que esse processo já começou", explicaram os analistas do BTG Pactual.