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Captações domésticas devem ser retomadas esta semana

A expectativa de um 2014 atípico pode acelerar planos de captação de algumas empresas


	Comgás: a Comgás será a primeira de uma fila que promete ser grande
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Comgás: a Comgás será a primeira de uma fila que promete ser grande (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 19 de agosto de 2013 às 09h15.

São Paulo - O fim da temporada de balanços deve reabrir já a partir desta semana as captações domésticas no mercado de renda fixa e possivelmente a Comgás será a primeira de uma fila que promete ser grande. A expectativa de um 2014 atípico, por conta da Copa e das eleições presidenciais, pode acelerar planos de captação de algumas empresas. A grande questão é em quais taxas essas operações serão precificadas.

O responsável pela área de mercado de capitais de dívida do HSBC, Antonio Oliveira, diz que como o mercado não sabe exatamente quais serão as taxas mais bem aceitas pelos investidores, as primeiras operações a serem enviadas para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deverão ser referência para as demais que virão.

Ele considera que provavelmente para emissões que remuneram com base no CDI, o prêmio exigido pelos investidores deve ficar em torno de 1%. Nas operações que têm por base a NTN-B, diz, o prêmio deve ser menor, uma vez que o título do governo já sofreu um ajuste de alta por conta de seu componente de IPCA. O executivo destaca ainda que dificilmente o mercado aceitará prazos superiores a cinco anos em tranches remuneradas pelo CDI.

Nas últimas semanas, a Renner e a Duke Energy enfrentaram dificuldades para vender aos investidores debêntures com tranches em CDI pagando um prêmio de 0,85% e 0,65%, respectivamente.

Nas duas operações, bancos que coordenaram as emissões tiveram de embolsar parte das séries, honrando a garantia firme prevista nos contratos. No primeiro semestre, as séries em CDI chegaram a ter prêmios próximo de 0,50%.

"As duas companhias têm excelente qualidade de crédito e, as dificuldades de colocação, conforme informações divulgadas, podem indicar que novas emissões devem vir com prêmios superiores, já que registros passados fazem parte da dinâmica de precificação", disse Felipe Wilberg, executivo de renda fixa do Itaú BBA.

Prazos. Luis Fernando Guido, responsável pela distribuição de renda fixa do Itaú BBA, acrescentou que como os investidores, dada a volatilidade recente dos mercados, estão privilegiando papéis mais curtos, o ajuste de alta dos prêmios tende a ser menor nas emissões com prazo inferior a cinco anos.


Guido ressalta ainda que as séries com base na NTN-B atraem um público que privilegia prazos mais longos, como os fundos de pensão, e que por isso não deve haver também retração nos prazos. E mesmo que o retorno das NTNB-s tenham se aproximado das metas atuarias das fundações recentemente, Guido observa que a demanda por essas séries continua.

De qualquer forma, tanto os executivos do Itaú BBA quanto os do HSBC concordam que o total de emissões no mercado doméstico de renda fixa ficará abaixo do ano passado (R$ 124,79 bilhões, 70% em debêntures).

Para Wilberg e Guido, do Itaú BBA, mesmo no segundo semestre deve haver retração do total frente ao primeiro semestre deste ano, que somou R$ 44,4 bilhões até junho, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).

Já Oliveira, do HSBC, destacou a possibilidade de, até o carnaval do ano que vem, haver um movimento forte de refinanciamento, porque o ano de 2014 será atípico e a agenda de eventos deixará o ano mais curto para os negócios. Mesmo assim, ele não vê o total de captações em renda fixa de 2013 acima de 2012, porque o acumulado no primeiro semestre ficou muito abaixo do mesmo período do ano passado. "Se empatar, já é um bom resultado."

Além das emissões adiadas, devem haver operações relacionadas a concessões e a fusões e aquisições já anunciadas e financiadas por empréstimos com os bancos, e que terão saída em emissões de títulos de dívida, de acordo com informações do mercado.

A Comgás anunciou no dia 9 de julho a desistência de uma emissão de até R$ 400 milhões em debêntures simples, não conversíveis em ações, em duas séries, uma delas incentivada. A primeira série teria vencimento em 2020 e remuneração pelo CDI mais 0,85% e a segunda com vencimento em 2018 e remuneração pela NTN-B 2018 mais 0,60%.

De acordo com fontes, essa operação deve voltar ao mercado já nas próximas semanas e R$ 200 milhões devem ser incentivadas. A tranche em CDI deve ter o prêmio elevado para perto de 1% e o prazo recolhido de sete anos para cinco. O spread da série pelo NTN-B deve avançar para 0,70%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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