Canadense movimentou US$ 3 bi manipulando penny stocks
John Babikian, de 26 anos, foi responsável por um grupo de e-mails chamado “AwesomePennyStocks”, por meio do qual promovia empresas das quais era acionista
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2014 às 16h31.
São Paulo - Um canadense de 26 anos conseguiu, sozinho, manipular o mercado de ações de preço abaixo de US$ 1,00, as chamadas “penny stocks” (ou ações de centavos, em uma tradução livre) promovendo um giro de mais de US$ 3 bilhões em cinco anos, de acordo com dados compilados pela Agência Bloomberg.
Entre 2009 e 2013, o jovem John Babikian foi responsável por um grupo de e-mails chamado “AwesomePennyStocks”, algo como “incríveis ações de centavos”, por meio do qual promovia empresas das quais era acionista.
As companhias, quase sempre desconhecidas do mercado em geral, tinham ações com preço na casa dos centavos. Os e-mails, falando bem das empresas, ajudavam a inflar o preço dos papéis no curto prazo.
Em 2012, por exemplo, Babikian espalhou, por meio da lista, uma estimativa de preço justo para os papéis de uma empresa distribuidora de medicamentos. O valor de mercado da companhia cresceu US$ 700 milhões em dois meses. Depois que os e-mails pararam, o preço dos papéis desabou.
Carrões
Na semana passada, a Securities Exchange Comission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) deu entrada em uma representação pública contra Babikian e as irregularidades cometidas por ele serão alvo de investigações.
A entidade também decretou o congelamento dos bens do jovem. De acordo com a SEC, ele deixou o Canadá em 2012, acusado de crimes fiscais. Ele teria se mudado para o Principado de Mônaco, ao sul da França. Seu paradeiro atual, contudo, é desconhecido.
Enquanto ainda estava no Canadá, Babikian era conhecido pelo gosto por possantes carros esportivos. Ele era visto dirigindo uma Bugatti Veyron, avaliado em US$ 1 milhão e capaz de atingir 100 quilômetros por hora em 2,5 segundos. De acordo com informações da autoridade fiscal da província canadense do Quebec, o jovem possuía também um modelo da Bentley e outro da Lamborghini. Em 2010, o jovem também comprou uma casa em Los Angeles, nos EUA, avaliada em US$ 2,2 milhões.
Investigação
Segundo a Bloomberg, a lista de e-mails promoveu 39 empresas entre 2009 e 2013, inflando o valor de mercado dessas companhias em US$ 3 bilhões. Além de todos os bens adquiridos com o lucro obtido por meio desse esquema, ao deixar o Canadá, Babikian deixou para trás US$ 4,1 milhões em impostos não pagos.
Nos Estados Unidos (assim como no Brasil), promover ações é permitido por lei. Diariamente, os grandes bancos de investimentos e corretoras enviam relatórios a seus clientes com sugestões de quais papéis comprar. Contudo, a manipulação do mercado com informações falsas ou privilegiadas é crime.
Penny stocks no Brasil
No Brasil, recentemente, a BM&FBovespa tem apertado o certo às penny stocks. Em fevereiro, a companhia apresentou ao mercado medidas para vetar a negociação de papéis com valor abaixo de R$ 1,00. As empresas com papéis nessa situação terão até agosto de 2015 para se adaptarem às novas regras. Se não se enquadrarem, as companhias poderão sofrer punições que vão desde advertências até a saída da bolsa, em último caso.
Parte dessas medidas vai evitar a repetição de casos como o da OGX, que praticamente derreteu no ano passado, sendo negociada por menos de R$ 1 por vários meses, distorcendo as variações do Índice Bovespa diariamente, sem nada que a bolsa pudesse fazer.
O presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, rechaçou as insinuações do mercado de que as mudanças teriam ocorrido por conta da OGX. Segundo Edemir, as mudanças no regulamento estavam em discussão desde 2011.
São Paulo - Um canadense de 26 anos conseguiu, sozinho, manipular o mercado de ações de preço abaixo de US$ 1,00, as chamadas “penny stocks” (ou ações de centavos, em uma tradução livre) promovendo um giro de mais de US$ 3 bilhões em cinco anos, de acordo com dados compilados pela Agência Bloomberg.
Entre 2009 e 2013, o jovem John Babikian foi responsável por um grupo de e-mails chamado “AwesomePennyStocks”, algo como “incríveis ações de centavos”, por meio do qual promovia empresas das quais era acionista.
As companhias, quase sempre desconhecidas do mercado em geral, tinham ações com preço na casa dos centavos. Os e-mails, falando bem das empresas, ajudavam a inflar o preço dos papéis no curto prazo.
Em 2012, por exemplo, Babikian espalhou, por meio da lista, uma estimativa de preço justo para os papéis de uma empresa distribuidora de medicamentos. O valor de mercado da companhia cresceu US$ 700 milhões em dois meses. Depois que os e-mails pararam, o preço dos papéis desabou.
Carrões
Na semana passada, a Securities Exchange Comission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) deu entrada em uma representação pública contra Babikian e as irregularidades cometidas por ele serão alvo de investigações.
A entidade também decretou o congelamento dos bens do jovem. De acordo com a SEC, ele deixou o Canadá em 2012, acusado de crimes fiscais. Ele teria se mudado para o Principado de Mônaco, ao sul da França. Seu paradeiro atual, contudo, é desconhecido.
Enquanto ainda estava no Canadá, Babikian era conhecido pelo gosto por possantes carros esportivos. Ele era visto dirigindo uma Bugatti Veyron, avaliado em US$ 1 milhão e capaz de atingir 100 quilômetros por hora em 2,5 segundos. De acordo com informações da autoridade fiscal da província canadense do Quebec, o jovem possuía também um modelo da Bentley e outro da Lamborghini. Em 2010, o jovem também comprou uma casa em Los Angeles, nos EUA, avaliada em US$ 2,2 milhões.
Investigação
Segundo a Bloomberg, a lista de e-mails promoveu 39 empresas entre 2009 e 2013, inflando o valor de mercado dessas companhias em US$ 3 bilhões. Além de todos os bens adquiridos com o lucro obtido por meio desse esquema, ao deixar o Canadá, Babikian deixou para trás US$ 4,1 milhões em impostos não pagos.
Nos Estados Unidos (assim como no Brasil), promover ações é permitido por lei. Diariamente, os grandes bancos de investimentos e corretoras enviam relatórios a seus clientes com sugestões de quais papéis comprar. Contudo, a manipulação do mercado com informações falsas ou privilegiadas é crime.
Penny stocks no Brasil
No Brasil, recentemente, a BM&FBovespa tem apertado o certo às penny stocks. Em fevereiro, a companhia apresentou ao mercado medidas para vetar a negociação de papéis com valor abaixo de R$ 1,00. As empresas com papéis nessa situação terão até agosto de 2015 para se adaptarem às novas regras. Se não se enquadrarem, as companhias poderão sofrer punições que vão desde advertências até a saída da bolsa, em último caso.
Parte dessas medidas vai evitar a repetição de casos como o da OGX, que praticamente derreteu no ano passado, sendo negociada por menos de R$ 1 por vários meses, distorcendo as variações do Índice Bovespa diariamente, sem nada que a bolsa pudesse fazer.
O presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, rechaçou as insinuações do mercado de que as mudanças teriam ocorrido por conta da OGX. Segundo Edemir, as mudanças no regulamento estavam em discussão desde 2011.