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Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h46.
Moeda segue ajuste externo, mas em maior intensidade
Para mercado, alta de Serra em pesquisas ajudou
Por Silvio Cascione
SÃO PAULO, 14 de outubro (Reuters) - O dólar se manteve
perto de 1,66 real nesta quinta-feira, em alta de 0,48 por
cento sobre o dia anterior após uma jornada de ajustes no
mercado internacional e de reavaliação sobre as perspectivas
políticas e de possíveis medidas cambiais no Brasil.
A moeda norte-americana fechou a 1,663 real. Na
mínima do dia, logo após a abertura, o dólar foi cotado a 1,647
real, no menor patamar desde o início de setembro de 2008.
Após a queda no início do dia, o dólar virou no Brasil em
linha com uma diminuição das perdas da moeda norte-americana
frente a outras divisas. O euro , por exemplo, subia 0,7
por cento às 16h30, após se fortalecer 1 por cento pela manhã.
De toda forma, a intensidade do movimento no Brasil foi
maior que em outras praças. "Hoje o dólar (aqui) teve uma
dinâmica diferente do resto do mundo", disse Jorge Knauer,
gerente de câmbio do banco Prosper, no Rio de Janeiro.
Um dos motivos apontados por profissionais de mercado para
a sustentação da taxa de câmbio foi a queda abrupta das
projeções de juros na BM&FBovespa, após um dado de inflação
mais fraco que o esperado e a repercussão de pesquisas recentes
de intenção de voto apontando para um crescimento do candidato
José Serra (PSDB). [ID:nN14106657]
"Essa atividade de preço, muito positiva, parece ser
consistente com a interpretação, com a qual concordamos, de que
Serra agiria rapidamente para reduzir os gastos públicos",
escreveu Tony Volpon, chefe de pesquisa para mercados
emergentes nas Américas da Nomura Securities.
De acordo com pesquisa CNT/Sensus, a candidata Dilma
Rousseff (PT) tem 46,8 por cento contra 42,7 por cento de
Serra. Como a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para
baixo ou para cima, no limite mínimo a petista teria 44,6 por
cento e no máximo o tucano teria 44,9 por cento.
Para Luciano Rostagno, estrategista-chefe da corretora CM
Capital Markets, "o Serra claramente tem se expressado em prol
de um câmbio mais depreciado aqui. Essa pesquisa pode estar
fazendo algum preço".
POSIÇÕES VENDIDAS
Para Marcelo Oliveira, operador de câmbio da corretora BGC
Liquidez, parte do movimento do dólar tem relação também com
reportagem do jornal Valor Econômico desta quinta-feira, que
afirma que o governo pode elevar a margem de garantia para
operações de câmbio na BM&FBovespa.
O intuito seria dificultar a queda do dólar, que tem sido
impulsionada, entre outros fatores, pelas expressivas posições
vendidas de estrangeiros no mercado futuro.
"Acho que acendeu um (sinal) amarelo. Se mexer na BM&F, já
com todos os custos de carrego e etc... Pode ficar realmente
difícil se expor", disse Oliveira.
Dados da BM&FBovespa mostram uma posição vendida de 15,062
bilhões de dólares de investidores não-residentes em contratos
de dólar futuro e de cupom cambial (DDI).
O governo tem tentado frear a queda do dólar com várias
medidas recentemente, sem sucesso. O Banco Central tem comprado
dólares duas vezes por dia, o Ministério da Fazenda elevou a
alíquota do IOF para investimentos estrangeiros em renda fixa,
e o Fundo Soberano está a postos para uma ação adicional.
Questionado nesta quinta-feira sobre possíveis medidas
adicionais para frear a alta do real, o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, desconversou: "não sei."
Perto do fechamento do mercado à vista, a clearing de
câmbio da BM&FBovespa registrava 4,1 bilhões de dólares em
negócios. O dado supera a média de volume negociado em outubro,
em cerca de 3 bilhões de dólares por dia.
(Edição de Alexandre Caverni)