São Paulo - O relatório de perspectivas dos analistas do banco de investimentos BTG Pactual para a economia e o mercado de ações do Brasil em 2014 começa em tom desanimador. Embora a bolsa brasileira tenha levado um tombo feio no ano passado e pareça atrativa, essa impressão não é tão real, de acordo com os analistas.

O país deve seguir mergulhado nos mesmos problemas que marcaram 2013 e, na bolsa, a estratégia mais adequada é pinçar ações em setores como educação, finanças, exportação e alimentos, em vez de fazer apostas mais gerais.

Assinado pelos analistas Carlos Sequeira, Fabio Levy, Bruno Andreazza e Ronny Berger, o relatório do BTG afirma, para começo de conversa, que a economia brasileira não deve crescer mais do que 2% em 2014. Além disso, o índice de inflação oficial do governo, o IPCA, continuará pressionado e deve terminar o ano com alta de 6%.

E as previsões negativas não param aí. “A deterioração fiscal deve continuar ocorrendo e, por causa das eleições em 2014, a situação não deve melhorar tão cedo”, diz a análise do BTG. Depois de problemas com os números em 2013, segundo os analistas, a conta corrente do país deve ter alguma melhora, mas muito modesta.

Outro ingrediente no caldeirão é o ciclo de aperto monetário. Para o banco, as altas na taxa básica de juros, a Selic, devem terminar na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) desta semana, ou então, na de fevereiro. Contudo, é esperado que outro ciclo de altas comece em outubro.

E, finalmente, o aperto monetário nos Estados Unidos, com a retirada gradual dos estímulos à economia, deve pressionar o real, que a seguir enfraquecendo frente ao dólar. O banco considera que o dólar chegará, no fim de 2014 a R$ 2,45.

O lado bom?

Não só de expectativas negativas é feito o relatório do BTG. Os analistas afirmam que o mercado de trabalho brasileiro continuará forte, e a renda seguirá crescendo. “Ainda do lado bom, os índices de confiança do consumidor e dos empresários continuarão melhorando”, diz o relatório.

---

Apostas na bolsa

Embora a economia brasileira deva continuar enfraquecida, os analistas esperam uma melhora significativa no exterior, em especial nos Estados Unidos e na Europa. “Com a economia global se recuperando e o real mais fraco em relação ao dólar, destacamos as ações de empresas exportadoras”, diz o relatório.

A Vale, com seu “consistente programa de corte de custos”, e um cenário de recuperação dos preços do minério de ferro no cenário internacional, e a Suzano, exportadora do setor de papel e celulose, estão entre os destaques apontados pelo BTG. Além disso, no setor de alimentos, o banco dá preferência a ações de exportadoras de carne, como o frigorífico Minerva e a Brasil Foods.

Setor financeiro

Os analistas do BTG enxergam um bom potencial para o setor financeiro, em especial o segmento de seguros. “Em setores atrativos, como o de seguros, empresas como a BB Seguridade podem ter um bom ano”, diz o relatório.

Educação

O setor de educação segue como um dos favoritos do BTG para 2014, embora outros segmentos do varejo não devam ter o mesmo desempenho. As ações da Ser Educacional são destaque, mas, segundo o relatório, o setor como um todo “tem perspectivas brilhantes”. As ações, contudo, “estão longe de serem barganhas”, avisam os analistas. Abaixo, as preferências do BTG Pactual por setor para investir em 2014:

Setor	Empresa	Ação
Varejo	Hering	HGTX3
	Pão de Açúcar	PCAR4
	Lojas Americanas	LAME4
	Arezzo	ARZZ3
Imobiliário	MRV	MRVE3
	Even	EVEN3
	Direcional	DIRR3
Transporte e Infraestrutura	Iochpe-Maxion	MYPK3
	Tupy	TUPY4
Financeiro e bancos	BB Seguridade	BBSE3
	Cielo	CIEL3
	BR Insurance	BRIN3
	Itaú Unibanco	ITUB4
Óleo e Gás	Queiróz Galvão	QGEP3
Serviços	Equatorial	EQTL3
	Alupar	ALUP11
Matérias primas	Vale	VALE5
	Suzano	SUZB5
	Duratex	DTEX3
Telecomunicações	Valid	VLID3
Alimentos	Minerva	BEEF3
	Brasil Foods	BRFS3
Agronegócio	Cosan	CSAN3
	São Martinho	SMTO3
Educação e saúde	Qualicorp	QUAL3
	Ser Educacional	SEER3