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Brasil conclui emissão e abre caminho para empresas

Emissão pagou o menor rendimento da história brasileira; Vale já confirmou que também fará nova captação no exterior

Indústria da Vale: depois da captação do Tesouro, empresa já confirmou que fará uma nova emissão (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de janeiro de 2012 às 16h39.

Brasília - O Brasil concluiu nesta quarta-feira a emissão externa de 825 milhões de dólares de Global 2021, com o menor rendimento pago na história, e abriu caminho para empresas com dificuldade de captação no mercado de capitais internacional melhorem suas condições de financiamento.

A operação do Tesouro Nacional, segundo uma fonte do governo, foi comandada para garantir liquidez num momento em que há incertezas sobre a situação internacional.

A emissão de dívida externa ocorreu em dois momentos. A principal foi na terça-feira, com a captação de 750 milhões de dólares nos mercados dos Estados Unidos e da Europa. O restante, de 75 milhões de dólares, aconteceu na madrugada desta quarta-feira no mercado asiático. Os papéis tiveram rendimento de 3,449 por cento ao ano, o menor já visto nas captações soberanas.

A demanda dos títulos, antes da emissão no mercado asiático, foi superior a 3,5 bilhões de dólares, segundo informou os bancos que lideraram a operação -ItauBBA e BNP Paribas.

O governo evitou comemorar abertamente o resultado da emissão externa, mantendo um tom cauteloso. Uma fonte da equipe econômica afirmou que o juros pagos não surpreenderam porque estavam em linha com a negociação do mercado secundário no dia da operação.

Mas como os juros acabam sendo um norte para empresas que precisam de financiamento, algumas de grande porte já se preparam para fazer captações. A primeira foi a Vale que anunciou a intenção de emitir bônus com vencimento em 2022.

Outras empresas também estariam se preparando para buscar financiamento. Entre os analistas do mercado financeiro, comenta-se que a Petrobras poderia buscar dinheiro no exterior nos próximos dias.

O Tesouro Nacional anunciou na terça-feira que havia decidido fazer uma nova captação do Global 2021, numa oferta inicial de aproximadamente 500 milhões de dólares, segundo uma fonte ouvida pela Reuters. Mas ela foi ampliada pela forte demanda.

O baixo rendimento pago pelo governo brasileiro é ainda mais relevante se comparado com o que outras economias estão tendo de arcar, sobretudo na zona do euro, na casa de 7 por cento ao ano.


Caminho aberto

O diretor de Tesouraria do Banco Prosper, Jorge Knauer, concorda que a emissão soberana dá tranquilidade ao Brasil para enfrentar a crise internacional e também ajuda as empresas. "O mercado passa a olhar a operação para calcular as emissões de empresa privada. Não resolve, mas ajuda muito", disse.

Segundo Knauer, o governo está atuando como um norte para as companhias privadas, mas ressalta que ainda é preciso cautela. "O problema de liquidez não atingiu ainda o ápice. É muito preliminar chegar à conclusão de que o mercado de emissão privado está aberto e com facilidade", sustentou Knauer.

Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, a emissão do governo mostra que o mercado internacional está "deslumbrado" com o país. "Enquanto todo mundo está assustado com o cenário lá fora, está deslumbrado com o Brasil. Foi um valor razoável, um prazo e taxa excelentes", afirmou Gonçalves.

O consenso é que o Tesouro atuou de maneira preventiva e não esperando o total fechamento do mercado de capital para emissão privada. O economista da Global Financial Advisor Miguel Daoud acredita que as empresas ainda vão enfrentar um encarecimento do custo de captação.

"Esse momento não é o fundo do poço. As empresas ainda vão enfrentar um crescimento do custo e não vai ter dinheiro para todo mundo", afirmou Daoud.

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Brasília - O Brasil concluiu nesta quarta-feira a emissão externa de 825 milhões de dólares de Global 2021, com o menor rendimento pago na história, e abriu caminho para empresas com dificuldade de captação no mercado de capitais internacional melhorem suas condições de financiamento.

A operação do Tesouro Nacional, segundo uma fonte do governo, foi comandada para garantir liquidez num momento em que há incertezas sobre a situação internacional.

A emissão de dívida externa ocorreu em dois momentos. A principal foi na terça-feira, com a captação de 750 milhões de dólares nos mercados dos Estados Unidos e da Europa. O restante, de 75 milhões de dólares, aconteceu na madrugada desta quarta-feira no mercado asiático. Os papéis tiveram rendimento de 3,449 por cento ao ano, o menor já visto nas captações soberanas.

A demanda dos títulos, antes da emissão no mercado asiático, foi superior a 3,5 bilhões de dólares, segundo informou os bancos que lideraram a operação -ItauBBA e BNP Paribas.

O governo evitou comemorar abertamente o resultado da emissão externa, mantendo um tom cauteloso. Uma fonte da equipe econômica afirmou que o juros pagos não surpreenderam porque estavam em linha com a negociação do mercado secundário no dia da operação.

Mas como os juros acabam sendo um norte para empresas que precisam de financiamento, algumas de grande porte já se preparam para fazer captações. A primeira foi a Vale que anunciou a intenção de emitir bônus com vencimento em 2022.

Outras empresas também estariam se preparando para buscar financiamento. Entre os analistas do mercado financeiro, comenta-se que a Petrobras poderia buscar dinheiro no exterior nos próximos dias.

O Tesouro Nacional anunciou na terça-feira que havia decidido fazer uma nova captação do Global 2021, numa oferta inicial de aproximadamente 500 milhões de dólares, segundo uma fonte ouvida pela Reuters. Mas ela foi ampliada pela forte demanda.

O baixo rendimento pago pelo governo brasileiro é ainda mais relevante se comparado com o que outras economias estão tendo de arcar, sobretudo na zona do euro, na casa de 7 por cento ao ano.


Caminho aberto

O diretor de Tesouraria do Banco Prosper, Jorge Knauer, concorda que a emissão soberana dá tranquilidade ao Brasil para enfrentar a crise internacional e também ajuda as empresas. "O mercado passa a olhar a operação para calcular as emissões de empresa privada. Não resolve, mas ajuda muito", disse.

Segundo Knauer, o governo está atuando como um norte para as companhias privadas, mas ressalta que ainda é preciso cautela. "O problema de liquidez não atingiu ainda o ápice. É muito preliminar chegar à conclusão de que o mercado de emissão privado está aberto e com facilidade", sustentou Knauer.

Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, a emissão do governo mostra que o mercado internacional está "deslumbrado" com o país. "Enquanto todo mundo está assustado com o cenário lá fora, está deslumbrado com o Brasil. Foi um valor razoável, um prazo e taxa excelentes", afirmou Gonçalves.

O consenso é que o Tesouro atuou de maneira preventiva e não esperando o total fechamento do mercado de capital para emissão privada. O economista da Global Financial Advisor Miguel Daoud acredita que as empresas ainda vão enfrentar um encarecimento do custo de captação.

"Esse momento não é o fundo do poço. As empresas ainda vão enfrentar um crescimento do custo e não vai ter dinheiro para todo mundo", afirmou Daoud.

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