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Bovespa cai 2,41% com a piora do humor externo

Por Márcio Rodrigues São Paulo - O pessimismo global nos mercados acionários ganhou hoje um novo ingrediente: a troca de disparos entre a Coreia do Norte e a vizinha do Sul em uma área de fronteira marítima disputada entre os dois países. Essa tensão somou-se à crise política desencadeada na Irlanda após o país aceitar […]

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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2010 às 17h38.

Por Márcio Rodrigues

São Paulo - O pessimismo global nos mercados acionários ganhou hoje um novo ingrediente: a troca de disparos entre a Coreia do Norte e a vizinha do Sul em uma área de fronteira marítima disputada entre os dois países. Essa tensão somou-se à crise política desencadeada na Irlanda após o país aceitar um socorro de até 90 bilhões de euros de União Europeia (UE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) - ainda com condições desconhecidas. Como se não bastasse, continuam os temores em relação a um aperto monetário chinês. Nesse emaranhado de más notícias, os investidores aprofundaram a aversão ao risco e anteciparam posições ante o feriado de quinta-feira nos EUA, derrubando a cotação das matérias-primas (commodities) e influenciando negativamente os negócios na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

O índice Bovespa fechou em baixa de 2,41% a 67.952,55 pontos. Na mínima do dia, o Ibovespa atingiu 67.728 pontos, em queda de 2,74%, retomando os níveis do fim de setembro deste ano. Na máxima, ficou estável, a 69.629 pontos. O volume financeiro negociado melhorou em relação aos últimos dias e somou R$ 6,57 bilhões.

A divulgação da ata da reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano) contribuiu para aumentar o mau humor do mercado. O documento mostra que várias autoridades viram risco de inflação com o programa de compra de títulos de US$ 600 bilhões anunciado recentemente pela autoridade monetária dos EUA. Além disso, o Fed reduziu a perspectiva de crescimento para a economia americana neste ano e no próximo, de 3,3% para 2,5% em 2010, e de 3,9% para 3,3% em 2011.

Segundo Hamilton Moreira Alves, analista sênior de macroeconomia e mercados do BB Investimentos, o mercado está muito sensível e um fato novo, como este entre as Coreias, faz com que os investidores "prefiram realizar (lucros)". "Estamos sofrendo mais do que outros mercados porque os investidores que vieram para cá e ajudaram a levar a Bolsa até os 73 mil pontos ainda estão com lucro e optam por tirar o dinheiro nesse período de maior turbulência", explica.

No que se refere ao preço das commodities, a China continua no radar e pressiona as cotações. O temor por um novo aperto monetário continua e os metais, assim como o petróleo, voltaram a cair hoje. Isso acaba prejudicando ainda mais os negócios no Brasil, penalizando as ações de Vale e Petrobras. As duas maiores empresas do Ibovespa tiveram fortes perdas. Vale PNA recuou 2,23%, enquanto Vale ON cedeu 2,53%. Petrobras PN caiu 1,64% e o papel ON teve queda de 0,98%.

As perdas do Ibovespa foram lideradas pelas construtoras. PDG Realty ON caiu 5,53%, seguida por MRV ON (-5,36%), que teve o segundo maior recuo entre os papéis do Ibovespa.

Ainda repercutindo os indicadores divulgados hoje nos EUA e a ata do Fed, às 18h35, o S&P 500 caía 1,47%. O Dow Jones registrava perdas de 1,34%, enquanto o Nasdaq cedia 1,57%. As bolsas europeias também fecharam em queda. Na Bolsa de Londres, o índice FTSE-100 perdeu 99,55 pontos (-1,75%), a 5.581,28 pontos. O índice DAX-30, da Bolsa de Frankfurt, teve queda de 117,05 pontos (-1,72%), a 6.705,00 pontos.

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