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Bovespa abre em forte queda com aversão externa

Bolsa brasileira começou caindo mais de 1% na abertura

Telão da Bovespa (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

Telão da Bovespa (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 23 de julho de 2012 às 10h34.

São Paulo - Depois de ter interrompido, ao final da semana passada, a sequência de três altas consecutivas, a Bovespa ainda tem um ganho residual para devolver nesta segunda-feira. Porém, diante das perdas aceleradas dos mercados internacionais e da ausência de algum grande evento ou indicador capaz de cessar essa "sangria", a queda dos negócios locais deve ir muito além do saldo que restou, com forças para aproximar-se dos níveis mais baixos do ano. Por volta das 10h05, o Ibovespa recuava 1,44%, aos 53.416,04 pontos, na pontuação mínima do pregão.

"Por todos os lados, o cenário só tem piorado", comentou o analista da Clear Corretora Fernando Góes. De fato, desde a última sexta-feira as preocupações com a Espanha, que vinha no epicentro dos mercados financeiros, se agravaram e aumentaram os riscos de contágio à Itália. Mais cedo, o yield dos bônus espanhóis de 10 anos escalavam ao nível recorde de 7,48%, deteriorando o prêmio pago pelos títulos italianos de mesmo vencimento.

Após o governo regional de Valência anunciar que precisaria de ajuda, foi noticiado no fim de semana que mais seis regiões espanholas devem seguir pelo mesmo rumo. Com isso, crescem as chances de o país solicitar resgate financeiro, nos moldes do já socorridos Portugal, Irlanda e Grécia.

Já o país mediterrâneo, que estava adormecido, voltou à cena, após relatos de que o Fundo Monetário Internacional (FMI) teria sinalizado à Bruxelas que não participará mais de ajuda financeira ao governo grego, o que pode deixá-lo sem dinheiro em setembro. Para o ministro alemão, Philipp Rösler, a ideia de a Grécia sair da zona do euro "perdeu seu horror".

Uma equipe da troica, que inclui o FMI, o Banco Central Europeu (BCE) e a União Europeia (UE) chega a Atenas amanhã, onde permanece até sexta-feira para avaliar os esforços do país no cumprimento de medidas austeras. Instantes atrás, a Bolsa grega despencava mais de 7%.

No horário acima, os mercados em Madri e Milão cediam 2,50% e 3,90%, enquanto as perdas nas demais bolsas europeias oscilavam entre 2% e 3%. Há pouco, foi informado que a bolsa espanhola proibiu vendas a descoberto de ações.

Como se não bastasse a Europa, a desaceleração econômica na China também traz apreensão. Durante o fim de semana, um conselheiro do Banco Central chinês (PBOC) previu um crescimento de 7,4% do PIB do país neste trimestre, depois de uma alta de 7,6% da economia no trimestre passado, no sexto intervalo de três meses seguido de desaceleração. Ainda no mesmo horário, os contratos futuros do cobre e do petróleo cediam entre 3% e 4%.

Diante da aversão ao risco nos mercados internacionais, um operador não descarta a possibilidade de a Bolsa buscar os níveis mais baixos de 2012, ao redor dos 52,4 mil pontos. "Se não hoje, talvez na semana", disse. Para ele, os investidores não encontram algum fator capaz de aliviar os negócios. "O senão", disse o profissional, que falou sob a condição de não ser identificado, "pode vir da safra de balanços nos EUA".

Ainda no mesmo horário, o futuro do S&P 500 caía 1,41%, amortecendo a queda após a melhora do índice de atividade nacional de Chicago em junho.

Internamente, o Bradesco abriu a temporada de resultados dos grandes bancos. O banco reportou lucro líquido de R$ 2,833 bilhões no segundo trimestre deste ano, com altas de 1,7% em relação a igual período do ano passado e de 1,4% ante os meses de janeiro a março de 2012. O resultado ficou em linha com a previsão de analistas consultados pela Agência Estado.

Segundo o Bradesco, o aumento dos ganhos ocorreu por causa do crescimento das vendas de seguros, melhora das operações de crédito e expansão das receitas com tarifas e serviços bancários. No segundo trimestre, o índice de inadimplência subiu a 4,2%, considerando os atrasos acima de 90 dias, ao passo que o saldo total das provisões para devedores duvidosos encerrou junho em R$ 20,7 bilhões. Desse total, R$ 16,7 bilhões são de provisões exigidas pelo Banco Central.

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