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Bolsas dos Estados Unidos agora enfrentam um novo drama

Investidores se preocupam com os preços nas alturas das ações e analisam dados para descobrir quando a inflação vai derrubar o castelo de cartas

Empresas já captaram mais de US$ 170 bilhões por meio de ofertas públicas iniciais nas bolsas dos EUA em 2021 (Spencer Platt/Getty Images)

Empresas já captaram mais de US$ 170 bilhões por meio de ofertas públicas iniciais nas bolsas dos EUA em 2021 (Spencer Platt/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 24 de maio de 2021 às 11h14.

A angústia tem marcado o mercado acionário dos Estados Unidos recentemente. Os índices disparam, depois despencam e, ao mesmo tempo, investidores se preocupam com os preços nas alturas das ações e analisam dados para descobrir quando a inflação vai derrubar o castelo de cartas. Mas às vezes, como agora, o problema é muito mais simples do que isso: oferta demais e demanda insuficiente.

Empresas já captaram mais de US$ 170 bilhões por meio de ofertas públicas iniciais nas bolsas dos EUA em 2021, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os IPOs estão tão em alta que devem superar a marca de US$ 180 bilhões do ano passado, o maior valor desde pelo menos a crise financeira de 2008.

Mas, embora o mercado tenha consumido vorazmente as estreias de 2020, o ritmo começa a desacelerar. O ETF Renaissance IPO (IPO), que rastreia novas empresas de capital aberto, acumula queda de 9,3% neste ano, depois do salto de 107% em 2020.

Embora o mercado em geral tenha se mantido firme até agora, existe a ameaça sempre presente da oferta de ações aparentemente infinita superar a demanda. O S&P 500 mostra alta de 10% no acumulado do ano, mas caiu quase 2% em relação à máxima no início deste mês.

Nicholas Colas, cofundador da DataTrek Research, acredita que a demanda por ações começa a esfriar. “A janela de IPOs está sempre aberta até fechar com um estrondo. Isso a torna uma parte autocorretiva do mercado.”

As entradas de fundos refletem esse apetite decrescente. Embora os fundos de índice tenham levantado US$ 288 bilhões no ano até o momento, o maior - o SPDR S&P 500 ETF Trust, de US$ 355 bilhões (SPY) - encolheu US$ 12,5 bilhões.

Mesmo com os IPOs em ritmo recorde, os abalos recentes no mercado acionário começam a assustar alguns possíveis emissores. Pelo menos duas listagens planejadas foram adiadas este mês por causa da volatilidade. Se isso se tornar uma tendência ou se as estreias começarem a ser canceladas imediatamente, será um sinal preocupante, disse Colas. “Quando as ofertas começarem a ser retiradas, saberemos que o lado da oferta do mercado acionário começa a se redefinir”, disse Colas.

A maior parte da oferta de IPOs tem origem no boom de empresas de aquisição de propósito específico. As listagens das chamadas empresas de cheque em branco representam mais da metade do mercado neste ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Mas as SPACs enfrentaram turbulência nas últimas semanas. O índice IPOX SPAC (SPAC), que acompanha o desempenho de um amplo grupo de empresas de cheque em branco, mostra queda de quase 23% desde o pico de meados de fevereiro.

Além do desequilíbrio entre oferta e demanda, há também o problema com os tipos de empresas que estreiam no mercado. Muitos dos IPOs recentes foram de companhias de tecnologia com fundamentos instáveis, de acordo com Kim Forrest, diretora de investimentos da Bokeh Capital Partners.

“O problema de oferta e demanda é real, mas é exacerbado pelo fato de a maioria das empresas ser de tecnologia - e o tipo de tecnologia que ‘não está disponível’ para a maioria dos indicadores que os investidores olham”, disse Forrest. “Muitos dos IPOs deste ano têm períodos indefinidos para dar lucro.”

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