Bolsa de Xangai: ações da China Evergrande despencam com temor de calote (Aly Song/Reuters)
EXAME Hoje
Publicado em 6 de julho de 2020 às 06h59.
Última atualização em 6 de julho de 2020 às 06h59.
Uma disputa travada desde fevereiro nas bolsas mundo afora começou a semana ainda mais quente. Nos últimos meses o humor dos investidores é testado, de um lado, pelo avanço nos casos do coronavírus e pelo impacto imediato na economia global. De outro, a injetar otimismo, os estímulos e as declarações de líderes políticos aliviam a crise e projetam uma recuperação rápida.
A covid-19 segue avançando, sobretudo nos Estados Unidos, no Brasil e na Índia. O número de novos casos bateu novo recorde ontem: 212.326 em 24h. Mas a China elevou a outro patamar, nesta segunda-feira, o peso que governos podem ter em dar o tom aos mercados financeiros.
A mídia estatal afirmou que o país precisa de um "bull market", um mercado de ações em forte alta, para enfrentar os rivais num cenário de forte competição global pós-pandemia. Nos últimos meses Pequim vem incentivando mais IPOs de empresas locais de tecnologia tanto em Xangai quanto em Shenzhen.
Analistas afirmam que o comunicado mostra a disposição do governo em apoiar uma nova onda de valorização nas bolsas -- num país dominado por empresas estatais, é gatilho suficiente para a euforia. A bolsa de Xangai fechou em alta de 5,7% e Hong Kong, que deve ficar cada vez mais dependente da China e menos do mundo por uma pressão crescente de Pequim, subiu 3,8%.
O otimismo chegou também à Europa, onde as principais bolsas podem fechar o dia no maior valor em um mês. O índice Stoxx 600 subia 1,6% até as 7h de Brasília, puxado por produtos com grande entrada no mercado chinês, como carros, equipamentos industriais e até itens de luxo. Índices futuros ligados ao americano S&P 500 subiam 1,3% às 7h de Brasília -- sinalizando para um dia de alta após o feriado de sexta-feira. Na sexta-feira, vale lembrar, o Ibovespa fechou em alta de 0,55%, encerrando a semana com valorização de 3% em 96.764 pontos.
O que pode atrapalhar a euforia? A política, e a realidade. O movimento chinês tem relação direta com a crescente pressão de Donald Trump sobre o país, e novas declarações do americano podem nublar o cenário. E o Deutsche Bank afirmou nesta segunda-feira que a recuperação chinesa pode arrefecer no segundo semestre. Mais do que nunca, cada dado econômico divulgado será analisado com lupa.