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Bolsas da Europa fecham em queda com China e BCE

Bolsas intensificaram trajetória de queda quando Benoít Coueré e Jozef Makuch afirmaram que não há necessidade de mais um relaxamento monetário na zona do euro


	Christine Lagarde: bolsas atingiram mínimas da sessão quando diretora do Fundo Monetário Internacional alertou contra complacência e também o triunfalismo europeu
 (Saul Loeb/AFP)

Christine Lagarde: bolsas atingiram mínimas da sessão quando diretora do Fundo Monetário Internacional alertou contra complacência e também o triunfalismo europeu (Saul Loeb/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2013 às 15h51.

São Paulo - Os mercados europeus tiveram um dia de volatilidade nesta terça-feira, 10, repercutindo uma série de indicadores mistos da economia da China e também dois comentários de membros do conselho do Banco Central Europeu (BCE), sobre os estímulos monetários na zona do euro.

No começo da manhã, as bolsas operavam em terreno positivo, influenciadas pelas vendas no varejo e produção industrial do gigante asiático. Entretanto, intensificaram a trajetória de queda quando Benoít Coueré e Jozef Makuch afirmaram que não há necessidade de mais um relaxamento monetário na zona do euro. O índice Stoxx Euro 600 caiu 0,71%, aos 314,91 pontos.

Durante a manhã, também foram divulgados os últimos indicadores da produção industrial da Europa. A produção industrial da França caiu pela quinta vez em seis meses em outubro, segundo dados do instituto nacional de estatísticas, Insee.

A queda em comparação com setembro foi de 0,3%, depois da uma redução revisada de 0,3% registrada em setembro ante agosto. No Reino Unido, contudo, o avanço foi de 0,4% na mesma comparação, abaixo da previsão de 0,5% feita por analistas. Já na Itália, a produção industrial cresceu 0,5% na base mensal, acima da alta esperada de 0,3%.

Diante dos dados chineses, entretanto, os números da indústria europeia ficaram em segundo plano. A produção industrial da China cresceu em um ritmo anual de 10% no mês de novembro, pouco abaixo dos 10,3% em outubro. As vendas no varejo registraram avanço anual de 13,7% no mês passado frente a 13,3% em outubro. Os números indicam que a segunda maior economia do mundo permanece no caminho da recuperação, o que impulsionou os mercados europeus.


Por volta das 12h (de Brasília), os principais mercados começaram a operar em terreno negativo. As quedas ganharam intensidade após os comentários do membros do conselho diretor do BCE, Benoít Coeuré e Józef Makuch. Eles afirmaram que não veem necessidade de mais relaxamento monetário no bloco, já que não existem fortes pressões deflacionárias na região.

Os comentários de Coeuté e Makuch vão de encontro aos pensamentos do presidente do BCE, Mario Draghi, que também se pronunciou nesta terça. Segundo Draghi, os baixos índices de inflação não são indícios de uma síndrome deflacionária. "Se olharmos para as expectativas de inflação no médio prazo, isto é, um intervalo de tempo maior que o do horizonte de previsão, podemos ver que elas estão bem ancoradas", explicou.

As bolsas atingiram as mínimas da sessão quando a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, alertou contra a complacência e também o triunfalismo europeu e disse que a "crise não pode terminar com a taxa de desemprego em 12% na Europa".

"As taxas de crescimento e os níveis de produção ainda permanecem bem abaixo de onde deveriam estar", destacou. Lagarde frisou que o crescimento na zona do euro é tão desigual que pode se tornar insustentável.

Os ministros de Finanças da União Europeia (UE), que formam o Ecofin, também se reuniram nesta terça, mas não conseguiram chegar a um acordo sobre novas regras para reduzir o sigilo bancário e a evasão fiscal. Os chefes do governo da UE vão tentar superar o impasse em outra reunião marcada para o fim da próxima semana, em Bruxelas.

Em Paris, o índice CAC40 teve a maior queda entre as bolsas da região e fechou na mínima de 1,04%, aos 4.091,14 pontos. As ações que mais caíram foram as de empresas exportadoras, pressionadas por um euro mais forte em relação ao dólar.

Os papéis da EADS foram o destaque negativo do pregão e recuaram 2,6%, com novos detalhes sobre o plano de reestruturação. Já as ações da STMIcroeletronics subiram 4,2% com a revisão das perspectivas para o quatro trimestre.


A Bolsa de Frankfurt fechou em queda de 0,9%, aos 9.114,44 pontos. As ações da Merck KgaA perderam 2,0% após um rebaixamento do Morgan Stanley. Os papéis da Volkswagen e Lanxess recuaram 1,6% e 1,5%, respectivamente. As ações do Commerzbank lideraram os ganhos, com alta de 2,7%, depois de o JP Morgan elevar o nível de preços da instituição financeira no seu portfólio.

Na Itália, o dia foi de boas notícias para a indústria e também de revisão do Produto Interno Bruto do terceiro trimestre. A segunda leitura manteve estável o PIB ante o segundo semestre. Na comparação anual, o PIB caiu 1,8%, de uma queda de 1,9% nos números preliminares. A Bolsa de Milão, entretanto, seguiu a tendência geral do mercado e fechou em queda de 0,27%, aos 18.236,72 pontos.

O índice FTSE, em Londres, caiu 0,55%, aos 6.523,31 pontos. A petroleira BHP Billiton anunciou a intenção de limitar os gastos anuais para US$ 15 bilhões devido a queda nos preços do petróleo nos últimos meses. As ações da companhia caíram 1,9% no pregão desta terça.

Em Madri, a queda foi de 0,52%, aos 9.438,30 pontos, mesmo com a boa notícia de que o prêmio de risco da Espanha caiu para seu nível mais baixo desde meados de 2011. Os papéis da companhia Inditex perderam 1,5%, acompanhando a queda das ações da OHL, que recuaram 1,4%. Entre os destaques positivos, a empresa de tecnologia Indra registrou alta de 3,7% nas ações.

Na contramão dos demais mercados, o índice PSI 20, de Lisboa, fechou em alta de 0,70%, aos 6.473,65 pontos.

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