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Bolsa retoma os 105 mil e fecha no maior nível em mais de 3 meses

Otimismo com o cenário doméstico descolou dos temores com a tensão comercial envolvendo Estados Unidos e China

Ibovespa subiu pela sexta sessão seguida. (Germano Lüders/Exame)

Ibovespa subiu pela sexta sessão seguida. (Germano Lüders/Exame)

TL

Tais Laporta

Publicado em 16 de outubro de 2019 às 17h22.

Última atualização em 16 de outubro de 2019 às 19h00.

São Paulo - Em alta pela sexta sessão seguida, a bolsa brasileira alcançou nesta quarta-feira (16) seu maior nível em mais de três meses. O Ibovespa, principal indicador da B3, terminou o dia em 105.422 pontos, após uma valorização de 0,89%. O otimismo com o cenário doméstico fez o índice descolar do mau desempenho em Wall Street, ainda sob o fardo da tensão comercial entre Estados Unidos e China.

A pontuação de hoje é a mais alta desde o dia 10 de julho, quando a bolsa paulista quebrou seu recorde histórico durante a sessão, chegando em 106.650 pontos. Segundo a Reuters, o índice não subia por tantos pregões seguidos desde fevereiro de 2018. A alta foi puxada pelas ações preferenciais da Petrobras, que subiram 1,2%, acompanhando o avanço do preço do petróleo no mercado internacional. 

Pelo forte peso na composição do Ibovespa, os bancos Bradesco e Itaú também ajudaram a sustentar a bolsa no azul, em dia positivo para as ações do setor, refletindo o otimismo local. As altas foram de respectivamente 2,39% e 1,43%, compensando a forte queda da Vale.

No Brasil, o Senado aprovou na noite da véspera o projeto que define os critérios de distribuição de parte dos recursos obtidos com o leilão de petróleo da cessão onerosa, abrindo espaço para votação da reforma da Previdência, no dia 22, o que repercutiu na sessão desta quarta-feira.

"O progresso do mercado local ficou parcialmente blindado das incertezas geopolíticas devido ao andamento das pautas do Congresso. Com a aprovação do rateio do pré-sal, abre-se o caminho para seguir em frente com a aprovação definitiva da Previdência", destacou a Guide Investimentos em relatório.

A equipe econômica da Itaú Asset Management cortou projeção para a Selic no fim de 2019, de 4,75% para 4%, e de 4,5%, para 3,75% no fim de 2020.

Renova chega a cair 25% e outros destaques

O papel da Eletrobras ficou entre os maiores destaques do pregão, com alta acima de 4% nas duas classes de ações da empresa (preferencial e ordinária). "A boa performance da empresa deve-se ao anúncio, por parte do presidente Wilson Ferreira, de que a empresa está avaliando dividendos na ordem de R$ 2,29 bilhões", escreveu a equipe da Guide. Na véspera, a elétrica informou que vai propor aos acionistas um aumento de capital da ordem de 9 bilhões de reais.

As units da Renova Energia (RNEW11) chegaram a recuar 25% nesta quarta, após a empresa de geração de energia renovável entrar com pedido de recuperação judicial. O papel fechou com desvalorização de 20,7%, negociado a 11,74 reais. O pedido contempla obrigações totais de 3,1 bilhões de reais, sendo 834 milhões correspondentes a débitos "intercompany" e 980 milhões de reais a débitos com os atuais acionistas.

A Cemig (CMIG3), empresa que controla a Renova, caiu mais de 1% nesta sessão. Na véspera, as ações também caíram com força depois que a elétrica Light anunciou que fechou a venda de 100% de sua participação na companhia pelo valor simbólico de 1 real. Na semana passada, fracassou uma tentativa da Renova de vender seu parque eólico Alto Sertão III à AES Tietê. 

A mineradora Vale caiu 2,32%, após a desvalorização de mais de 3% nos futuros do minério de ferro na bolsa chinesa de Dalian, para o menor nível em 6 semanas. O movimento ocorreu depois que o pólo siderúrgico de Tangshan emitiu alerta de poluição de segundo nível, que exige que usinas de aço limitem suas operações.

A ação da fabricante de aeronaves Embraer caiu 0,3 por cento, depois que o PDT enviou ao Supremo Tribunal Federal um pedido de liminar em caráter de urgência para suspensão do processo de venda do controle da divisão de aviação comercial para a norte-americana Boeing.

Dólar fecha em queda após duas altas

Interrompendo uma sequência de duas altas, o dólar fechou em queda ante o real, em dia de forte volatilidade. Mais cedo, a moeda chegou a bater o maior nível intradia em três semanas, alcançando 4,1880 reais, patamar mais elevado desde 25 de setembro, o que chegou a abalar ações de aéreas e da CVC. No fechamento, caiu 0,27%, a 4,1542 reais na venda.

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Tensão no cenário externo

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que não deve assinar um acordo comercial com a China até se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, em fórum no Chile. A Guide Investimentos avaliou que a aprovação de medidas de apoio a Hong Kong pela Câmara dos Deputados dos EUA pode dificultar a relação entre Washington e Pequim. O governo chinês advertiu que tomará medidas efetivas para proteger firmemente sua soberania.

Em Wall Street, o S&P 500 recuou 0,19%. A economia dos EUA se expandiu em ritmo moderado em setembro e meados de outubro, mas muitas empresas estão sob maior pressão nos próximos meses, informou o Livro Bege do Federal Reserve, o último sinal de que o impacto das políticas comerciais do governo de Donald Trump continuam obscurecendo as perspectivas econômicas do país.

 

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