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Bolsa argentina vai criar segmento inspirado no Novo Mercado

O segmento terá padrões mais rigorosos de prestação de contas e governança corporativa para proteger investidores individuais e aumentar a liquidez

Bolsa de Valores da Argentina: medida busca aumentar a confiança dos investidores institucionais (Diego Giudice/Bloomberg)

Bolsa de Valores da Argentina: medida busca aumentar a confiança dos investidores institucionais (Diego Giudice/Bloomberg)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 18 de outubro de 2017 às 16h55.

Há quem esteja salivando para investir na Argentina, mas não sente confiança porque as empresa precisam divulgar poucas informações para listar ações na bolsa local.

Logo os investidores terão a oportunidade de aplicar em um segmento premium do mercado, dedicado a empresas que voluntariamente aceitam aderir a exigências maiores de governança.

A bolsa de valores da Argentina pretende criar um segmento inspirado no Novo Mercado no Brasil no primeiro semestre de 2018. O segmento terá padrões mais rigorosos de prestação de contas e governança corporativa para proteger investidores individuais, aumentar a liquidez e atrair recursos institucionais, afirmou o presidente da Bolsas y Mercados Argentinos (BYMA), Ernesto Allaria.

"Nós iremos impor exigências em termos do percentual de ações em circulação, composição dos conselhos de administração e votação por acionistas", disse Allaria. O índice Merval já registra o melhor desempenho da região em dólares.

A inclusão de ações em uma divisão superior do mercado pode ajudar a aumentar o valor das empresas dispostas a implementar essas melhorias, como ocorre no Brasil quando as companhias decidem entrar no Novo Mercado, ele explicou.

Por exemplo, as ações da Suzano subiram mais de 44 por cento desde 31 de julho, quando a família Feffer, que controla a empresa, anunciou a decisão de listar ações no segmento.

"O Brasil tem os melhores padrões de governança corporativa da América Latina, principalmente por causa da criação do Novo Mercado", disse Bernardo Rodarte, que supervisiona R$ 1 bilhão na Sita Corretora, em Belo Horizonte.

Entre as empresas argentinas que já cumprem os critérios estão a própria BYMA, a Cablevision, a petrolífera estatal YPF e o Grupo Supervielle, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto.

"O novo índice vai acrescentar valor ao mercado acionário argentino e certamente vai afetar positivamente o valor das empresas, tornando-as mais atraentes", afirmou Ramiro Marra, diretor da Bull Markets Brokers, em Buenos Aires.

Algumas companhias argentinas têm ações listadas em Nova York e Londres e, para isso, já precisaram aderir a regulamentações mais rígidas, disse Soledad Aroz, principal especialista em governança corporativa da Cefeidas Group.

Na visão de Marra, o novo segmento vai melhorar os padrões de gestão e as operações das empresas na Argentina.

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