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Bolsa argentina perde US$ 23,7 bi e vale menos que o Santander Brasil

Para especialistas, peso argentino e Merval podem desvalorizar ainda mais com novo cenário político

Caso vitória de Alberto Fernández se concretize, peso pode voltar a ter queda, avaliam especialistas (Diego Giudice/Bloomberg/Bloomberg)
GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 12 de agosto de 2019 às 19h52.

Última atualização em 12 de agosto de 2019 às 20h01.

A vitória da chapa da ex-presidente Cristina Kirchner nas primárias das eleições presidenciais da Argentina sobre o atual presidente, Maurício Macri , realizadas no último domingo (11), não foi bem digerida pelo mercado financeiro – e podem abrir espaço para mais desvalorização.

Nesta segunda-feira (12), o peso argentino chegou a atingir a mínima recorde de 65 por dólar. Porém, após o banco central argentino elevar os juros, a moeda se recuperou e fechou em queda de 16,96% a 53 por dólar. Já as quedas na bolsa argentina não foram revertidas no mesmo ritmo e seu principal índice, o Merval, fechou em baixa de 30%.

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De acordo com a provedora de informações financeiras Economatica, a bolsa argentina encolheu 23,721 bilhões de dólares nesta segunda. Ela passou a valer 40,706 bilhões de dólares, abaixo do valor de mercado do banco Santander Brasil, avaliado em US$ 41,9 bilhões no fechamento desta segunda.

Espaço para novas quedas

Apesar do cenário caótico, especialistas do mercado financeiro acreditam que ainda há espaço para novas quedas, caso o resultado das primárias se concretize nas eleições, que ocorrerão em 27 de outubro deste ano.

“Se fosse no Brasil, com certeza já estaria precificado, [mas] lá as oscilações são absurdas. Então, as expectativas de que o peso e o Merval caiam são bem grandes. Quando se confirmar [a vitória da chapa kirchnerista], o mercado vai pesar bastante”, estimou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

Nesta segunda, O CDS de cinco anos da Argentina, espécie de seguro contra calotes, subiu de 1.017 pontos para 1.955 pontos. Antes da abertura do pregão, o mercado já esperava que o CDS argentino ultrapassasse 1.500 pontos.

Para especialistas, a reação do mercado foi grande porque não era esperado que o candidato kirchnerista, Alberto Fernández, tivesse 15% de vantagem nas primárias. “Movimentos fortes de baixa são causados por surpresa. Para vender, [o investidor] não tem muita dó. É o lado mais psicológico do mercado. Dúvidas em relação ao mercado gera postura defensiva e compra dólar como medida de proteção”, disse Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.

“Se confirmado a derrota do Macri, a situação tende a continuar desfavorável e o peso pode  voltar a cair”, afirmou o economista-chefe da Necton, André Perfeito. Segundo ele, o conflito comercial entre China e Estados Unidos também pode dificultar a melhora no curto prazo.

Impactos no Brasil

Para os especialistas, as primárias da Argentina foram um dos aspectos que mais pesaram para a quedas de bolsas de países emergentes, como a do Brasil. Nesta segunda-feira o Ibovespa fechou em queda de 2%, a 101.915 pontos. “O investidor estrangeiro pensa em bloco de emergentes e América Latina como um nó. Isso tem reflexo imediato aqui”, avaliou Chinchila.

Segundo o analista da Terra Investimentos algumas ações negociadas no Brasil podem ser mais impactadas pela situação argentina, como as da Petrobras e da Usiminas. Nesta segunda, as ações da petroleira e da siderúrgica caíram 2,4% e 1,48%, respectivamente.

Perfeito acredita que a vitória de Fernández na Argentina também possa prejudicar o Brasil no longo prazo. “De forma geral, é ruim para o Brasil ter a Argentina indo nesse caminho, porque o país é um dos principais importadores de produtos brasileiros”, afirmou.

Laatus também não possui previsões positivas em caso de vitória da chapa kirchnerista. “Há a expectativa de a Argentina crescer menos. Se o Macri perder o poder tende a piorar a economia por lá”.

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