Bitcoin: "muita gente realmente não acreditava que o bitcoin pudesse subir mais enquanto o problema de escala não fosse resolvido” (AFP/AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de agosto de 2017 às 15h58.
Última atualização em 4 de outubro de 2017 às 16h10.
Tóquio/Hong Kong - O bitcoin superou a marca de US$ 4.000 pela primeira vez devido ao crescente otimismo de que as transações mais rápidas vão acelerar a disseminação da moeda criptografada.
A maior das moedas digitais subiu e atingiu um pico de US$ 4.298 na segunda-feira, acumulando um ganho de quase 20 por cento desde sexta-feira, depois que o plano de agilizar a execução das negociações transferindo parte dos dados para fora da rede principal foi ativado, na semana passada.
A solução -- denominada SegWit2x -- vinha sendo tão contenciosa que uma nova versão do ativo, chamada Bitcoin Cash, foi separada da operação principal no início deste mês.
A divisão surgiu da tensão entre a crescente demanda pela moeda virtual e devido a algumas características de design que alimentaram essa popularidade -- os procedimentos de verificação descentralizada que a garantiam contra pirataria e supervisão do governo. Apesar de o confronto deste mês ter sido apenas um pequeno obstáculo para o rali de mais de 300 por cento do bitcoin em 2017, continuam existindo preocupações em torno da capacidade de ampliar os volumes de transação.
“Até agora, muita gente realmente não acreditava que o bitcoin pudesse subir mais enquanto o problema de escala não fosse resolvido”, disse Arthur Hayes, fundador da bolsa de bitcoins BitMEX, com sede em Hong Kong. “Como isso na verdade está sendo implementado com base em protocolo, teoricamente a quantidade de transações que pode ser processada a uma velocidade razoável será muito maior, então muitas pessoas estão bastante otimistas em relação ao bitcoin no momento.”
Devido ao limite para a quantidade de dados processados pelo blockchain do bitcoin, as transações começaram a diminuir quando sua popularidade explodiu. A comunidade, então, foi dividida entre a solução SegWit2x, apoiada por um grupo de desenvolvedores, e outra respaldada por mineradores, que buscava um aumento maior do tamanho dos blocos. Essa última se transformou no Bitcoin Cash.
O Bitcoin Cash, cujo preço recuou depois de atingir um pico logo após sua criação, não perturbou as operações de seu progenitor, nem diminuiu seu apelo.
Apesar de o SegWit2x ter conseguido apoio suficiente para a ativação, os desafios continuam. A próxima etapa envolve a duplicação do tamanho do bloco para 2 megabytes em algum momento em novembro, uma possibilidade que ainda é alvo de debates.
O respaldo menor pode frustrar a decisão e algumas pessoas argumentam que o Bitcoin Cash -- com um tamanho de bloco de 8 megabytes -- evitou a necessidade de outra divisão para atualizar o bitcoin novamente, disse Hayes.
O aumento surpreendente do preço da moeda criptografada impulsionou empresas relacionadas. A casa de câmbio digital Coinbase anunciou na quinta-feira que recebeu um investimento de US$ 100 milhões. A oferta de bitcoins é limitada a 21 milhões, contra 16,5 milhões que haviam sido minerados até sábado, segundo o websiteblockchain.info.
“As pessoas estão começando a precificar a demanda do consumidor advinda da rodada de captação de recursos de US$ 100 milhões da Coinbase”, disse Justin Short, fundador da plataforma de trading Nous, com sede em Londres. “Esse é um montante que atrai muita atenção. Cada US$ 1 milhão em marketing traz nova demanda, o que eleva o preço, já que a oferta é limitada por design.”
A divisão surgiu da tensão entre a crescente demanda pela moeda virtual e algumas das características de design que alimentaram essa popularidade - os procedimentos de verificação descentralizada que garantiram a pirataria e a supervisão do governo.
Enquanto o confronto deste mês acabou por ser um pouco mais do que um aumento de velocidade no rali de mais de 300% do bitcoin em 2017, preocupa-se com a capacidade de aumentar os volumes de transações.