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Bitcoin despenca, e leva 1.449 criptomoedas junto

A principal criptomoeda do mundo caiu 40% em um mês, puxando para baixo uma miríade de outras moedas que nascem a cada dia

Bitcoin: o bitcoin, sozinho, tem 196 bilhões de dólares de capitalização, cerca de 35% do mercado de criptomoedas (Mark Blinch/Reuters)
TL

Thiago Lavado

Publicado em 16 de janeiro de 2018 às 17h49.

Última atualização em 16 de janeiro de 2018 às 18h05.

O topo chegou e passou? Depois de atingir o pico em 16 de dezembro do ano passado, o bitcoin, a mais famosa e queridinha das criptomoedas, só fez cair, puxando com ela uma infinidade de outras moedas virtuais. Naquela data, o bitcoin valia 19.343 dólares, segundo cotação do site especializado CoinDesk. Às 16h30 desta terça-feira, a moeda caía 17,21% no dia, cotada a 11.248 dólares, abaixo cerca de 41,9% do preço de topo. No final de dezembro, quando contratos futuros da moeda passaram a ser negociados na bolsa de Chicago, o preço estimado para janeiro era de mais de 20.000 dólares. O que aconteceu?

Assim como era difícil explicar a alta, fica difícil apontar um único fator para a queda. Nesta terça-feira, até hackers norte-coreanos foram apontados pelo jornal Wall Street Journal como responsáveis por ataques que ajudaram na queda da moeda. O governo de Kim Jong-un pode estar financiando roubos e também a mineração – nome dado ao mecanismo de resolução de problemas matemáticos por computadores – para ter uma nova fonte de financiamento para o regime.

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Para Diego Velasques, diretor de investimentos da LTX Capital, uma gestora de criptomoedas, o bitcoin deve continuar altamente instável nos próximas dias, com muitos investidores “vendendo no pânico” e a moeda oscilando bastante. “Mas ainda estamos cerca de 300% acima do patamar de outubro do ano passado”, diz.

Segundo o site americano Business Insider, uma explicação concreta para a queda vem da Ásia: os volumes de trocas em queda no Japão e na Coreia do Sul, dois dos principais mercados da criptomoeda, foram responsáveis por espantar investidores. Na semana passada, o governo sul coreano afirmou que está trabalhando para regulamentar o bitcoin no país, principalmente no que tange à fiscalização das principais corretoras. Um oficial do governo sul-coreano disse nesta terça-feira que irá “responder de maneira forte às criptomoedas e ações ilegais, mas proveremos grande suporte à pesquisa e desenvolvimento relativos à tecnologia da blockchain”. A blockchain é a tecnologia por trás do bitcoin, que permite a troca segura de valores, funcionando como uma espécie de livro contábil público.

A China afirmou que vai impor restrições à mineração. Oficiais do governo têm sido solicitados a promulgar regulações sobre os mineradores, incluindo consumo elétrico, uso de terra e coleta de taxas. A China minera cerca de 80% de todos os bitcoins atualmente, pelas vantagens que o país oferece, como baixo preço de energia, que responde por 90% dos custos dos mineradores.

Em um e-mail enviado a clientes, o analista Neil Wilson, da ETX Capital, afirma que era esperado que o “bitcoin enfrentasse uma onda regulatória cedo ou tarde, e nós começamos a ver os sinais disso com o que está acontecendo na Coreia do Sul e na China”.

O cerco se espalha para outras regiões, inclusive no Brasil. Na semana passada, a Comissão de Valores Mobiliários do Brasil decidiu proibir fundos regulados pela autarquia de ter investimentos em bitcoin em seus portfólios. As criptomoedas também são alvo de um projeto de lei na Câmara dos Deputados que prevê a regularização das moedas digitais.

Queda generalizada

Assim como a euforia do bitcoin levou à criação de uma série de novas moedas virtuais, sua queda súbita tem espalhado pessimismo. As dez maiores moedas em capitalização caem mais de 10% nesta terça-feira. Algumas, como o ripple, terceira maior criptomoeda em valor de mercado, chegam a cair 29,52%, segundo o site Coin Market Cap. O ethereum, a segunda maior, conhecida por sua aplicação em negócios e startups, registrava queda de 18,03% às 16h30, valendo 1.053 dólares. O valor é 21,9% menor do que o patamar que o Ethereum registrou no sábado, quando valia 1.353 dólares.

Como muitas dessas moedas são negociadas em corretoras específicas utilizando bitcoin como meio de pagamento, as oscilações do bitcoin acabam servindo de parâmetro para medir todo o mercado.

O número de pequenas moedas cresce vertiginosamente. Segundo o Coin Market Cap eram 1384 moedas no dia 7 de janeiro. Agora são 1450. Seis foram adicionadas nesta terça-feira. Das 100 maiores, só uma estava em alta até as 16h30 desta terça-feira – a Neblio, com332,8milhões de dólares de capitalização.

O bitcoin, sozinho, tem 196 bilhões de dólares de capitalização, cerca de 35% do mercado de criptomoedas. É um setor cada vez mais pulverizado, mas que continua de olho no líder – e o líder não está em sua melhor forma. Se é por pouco tempo, por muito tempo, ou para sempre, nem Kim Jong-un sabe.

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