Mercados

BC do México confirma venda de dólares para impulsionar peso

O BC disse que de fato realizou a operação hoje e que atua de acordo com um comunicado emitido em fevereiro de 2016

México: a intervenção do BC mexicano é a primeira em quase um ano para apoiar o peso (Susana Gonzalez/Bloomberg)

México: a intervenção do BC mexicano é a primeira em quase um ano para apoiar o peso (Susana Gonzalez/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de janeiro de 2017 às 17h00.

Cidade do México - O Banco Central do México (Banxico) confirmou nesta quinta-feira que interveio no mercado de câmbio, vendendo dólares para apoiar o peso, após a moeda bater mínima histórica na quarta-feira, a 21,6220 pesos por dólar.

Em sua conta no Twitter, o BC disse que de fato realizou a operação hoje e que atua de acordo com um comunicado emitido em fevereiro de 2016, no qual o Banxico diz que não descarta a possibilidade de intervir adiante no mercado cambial, "no caso de que se apresentem condições excepcionais".

A corretora Interbam disse que a intervenção do BC levou a taxa até 21,1275 pesos por dólar, o que gerou demanda por dólares, inclusive de companhias que buscam cobrir exposição a moeda estrangeira.

Com isso, a moeda recuava a 21,4276 pesos mexicanos por dólar, às 16h10 (de Brasília).

A intervenção do BC mexicano é a primeira em quase um ano para apoiar o peso. A moeda está pressionada diante dos temores de que o governo do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, possa impor medidas protecionistas e prejudicar o comércio e o investimento do vizinho.

A mínima história da quarta-feira ocorreu após a Ford Motor anunciar que cancelou os planos para investir US$ 1,6 bilhão em uma nova fábrica no México, após ser alvo de críticas de Trump.

A decisão gerou o temor de que outros investimentos sejam desencorajados, o que limitaria uma fonte importante de receita do país.

O Banxico interveio pela última vez no mercado em fevereiro de 2016, quando vendeu US$ 2 bilhões após o peso atingir novas mínimas diante dos preços fracos do petróleo, que prejudicam a balança comercial e a receita do governo federal.

Na ocasião, o BC também elevou a taxa de juros e suspendeu leilões de dólares programados, privilegiando intervenções no mercado à vista.

As reservas estrangeiras do México terminaram 2016 em US$ 176,5 bilhões, pouco alteradas em comparação com o fim de 2015.

En nota, o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, disse que a decisão de intervir hoje foi justificada, já que o peso está excessivamente desvalorizado. Ramos estimou que a taxa de câmbio efetiva real - que leva em conta uma cesta de moedas, o comércio e a inflação - depreciou 41% desde meados de 2013.

"A atual fraqueza do peso é sem precedentes fora de uma grande crise e ele também está visivelmente mais fraco que em relação ao nível atingido durante a crise financeira global de 2008-2009", afirmou ele.

O peso mexicano desvalorizou 17% ante o dólar em 2016, diante do crescente déficit comercial, do aumento da dívida pública e do impacto dos preços do petróleo mais baixos.

Além disso, a ascensão de Trump e sua vitória eleitoral pressionaram mais a moeda. A preocupação com o impacto da moeda fraca sobre a inflação, que acelerou mais para o fim de 2016, levou o Banxico a elevar os juros cinco vezes em 2016: a taxa de juros no overnight passou de 3,25% para 5,75%. Fonte: Dow Jones Newswires.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralDólarMéxico

Mais de Mercados

Airbnb lida com regulamentações de aluguel para expandir operação em diversos continentes

Shutdown evitado nos EUA, pronunciamento de Lula e Focus: o que move o mercado

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio