O dado reforçou visões de que a maior economia do mundo está resistindo aos efeitos negativos da crise de dívida na zona do euro (AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de fevereiro de 2012 às 18h08.
São Paulo - O dólar fechou abaixo de 1,70 real pela primeira vez em quatro meses nesta terça-feira, mesmo após o Banco Central ter atuado novamente no mercado comprando moeda. As operações domésticas acompanharam a fraqueza da moeda no cenário externo, após dados mais fortes que o esperado sobre a confiança do consumidor dos Estados Unidos.
A taxa de câmbio caiu 0,39 por cento, para 1,6988 real na venda, menor patamar desde 28 de outubro do ano passado, quando encerrou a 1,6844 real.
"Enquanto o cenário lá for estiver favorável ao risco, o dólar vai cair aqui", comentou o operador de câmbio de uma corretora paulista, pedindo anonimato.
O profissional referiu-se a números mostrando que a confiança do consumidor norte-americano subiu em fevereiro para uma máxima em um ano, a 70,8, com o otimismo em relação ao mercado de trabalho ofuscando preocupações com a alta nos preços da gasolina, de acordo com pesquisa do Conference Board. Economistas consultados pela Reuters esperavam que o índice subisse a 63,0.
O dado reforçou visões de que a maior economia do mundo está resistindo aos efeitos negativos da crise de dívida na zona do euro, o que alivia preocupações com a performance da economia global.
O maior apetite por risco derrubava o dólar ante uma cesta de divisas, enquanto o euro subia, também amparada por expectativas positivas de que o Banco Central Europeu (BCE) injete cerca de meio trilhão de euros no sistema financeiro na quarta-feira.
"A liquidez lá fora está grande, e isso explica a queda do dólar aqui e as atuações do BC", disse o gerente de câmbio da Treviso Corretora de Câmbio, Reginaldo Galhardo.
Em seu quinto dia seguido de atuação, o BC comprou novamente dólares no mercado à vista nesta sessão, com taxa de corte de 1,7029 real.
"O BC quer mostrar ao mercado que está presente e vai continuar atuando enquanto julgar prudente", acrescentou, lembrando que o Brasil tem recebido grandes volumes de dólares do exterior.
Em coletiva para comentar o resultado primário do governo central referente ao mês de janeiro, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse nesta terça-feira que existe a possibilidade de o Fundo Soberano do Brasil ser usado no mercado de câmbio para evitar mais valorizações do real frente ao dólar.
Segundo ele, o Fundo está totalmente pronto para ser usado no mercado, mas até o momento não trabalhava com essa hipótese e que a política de compra de dólares continuava a cargo do BC. Desde quando retomou as intervenções, no início do mês, o BC tem adquirido dólares também nos mercados futuro e a termo.
O BC divulgará na quarta-feira os números atualizados sobre o fluxo cambial do mês até a última sexta-feira, bem como as aquisições de moeda no período. Nas três primeiras semanas de fevereiro, o saldo cambial foi positivo em 6,520 bilhões de dólares.