Mercados

BC aponta ’arma’ de US$ 1 bi em swap cambial para frear real

Operação de compra de dólares no mercado futuro é a primeira em quase dois anos para conter o avanço do real

Tombini, presidente do BC: emergentes estão sobrecarregados com capital estrangeiro (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

Tombini, presidente do BC: emergentes estão sobrecarregados com capital estrangeiro (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2011 às 08h22.

Brasília/Nova York - O Banco Central faz hoje uma oferta de US$ 1 bilhão em contratos de swap cambial reverso. A operação, que equivale à compra de dólares no mercado futuro, é a primeira do tipo em quase dois anos para conter a alta do real.

O BC disse ontem em um comunicado que tomou a decisão de fazer o leilão dos papéis depois de uma pesquisa no mercado para medir a demanda pelos contratos. O swap cambial reverso paga uma taxa equivalente à Selic, hoje em 10,75 por cento, em reais e recebe uma taxa fixa em dólares.

Desde outubro, o governo já triplicou o Imposto sobre Operações Financeiras na entrada de capital estrangeiro no País, adotou um depósito compulsório em operações que apostam na queda do dólar e aumentou as compras da moeda americana no mercado à vista. Tudo isso para tentar frear a valorização do real, que já chega a 38 por cento desde o início de 2009. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse na semana passada que estava pronto para tomar novas medidas cambiais.

“Até o momento, é a arma de maior calibre usada”, disse Diego Donadio, estrategista para a América Latina no BNP Paribas, em entrevista por telefone de São Paulo. “Com o swap, a capacidade de puxar a cotação do dólar é maior.”

Os bancos centrais da América Latina estão “sobrecarregados” com o fluxo de capitais que chegou a US$ 203 bilhões no ano passado, o que pode estar “desestabilizando” as taxas de câmbio, disse o Banco Mundial em relatório em 12 de janeiro. Os fluxos, um dos fatores que contribuíram para a expansão de 5,7 por cento da região em 2010, são um risco para a recuperação mundial e podem causar “danos douradouros” a algumas nações, disse o banco.

‘Não é mais divertido’

O dólar pode subir rapidamente para R$ 1,75 com a entrada do BC no mercado futuro, escreveu Donadio em um relatório distribuído por e-mail. A moeda americana caiu ontem 0,1 por cento, para R$ 1,6726, sua terceira queda consecutiva.

“Não é mais divertido”, disse Alejandro Urbina, gerente de dívida para mercados emergentes na Silva Capital, em Chicago, que ajuda a administrar US$ 800 milhões em ativos. “O compromisso constante do governo com as intervenções no câmbio limitam nosso interesse no real.”

Os estrangeiros investiram US$ 62 bilhões em dívida e ações brasileiras nos primeiros 11 meses de 2010, contra US$ 46 bilhões em 2009, segundo o BC.

No leilão de hoje, o BC vai oferecer 20.000 contratos de swap cambial reverso com vencimento entre abril e janeiro de 2012. As ofertas serão recebidas de 12h00 às 12h30 e o resultado será divulgado a partir 12h45.

A última vez em que o BC realizou um desses leilões foi em maio de 2009.

“Se o dólar não subir, eles podem aumentar a dose”, disse Donadio. “O que temos hoje é o limite para um regime de câmbio flutuante, vai haver questionamento se ainda é uma moeda flutuante, se aumentar.”

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCâmbioDólarMercado financeiroMoedas

Mais de Mercados

Dólar a R$ 6,27, extinção do DPVAT no pacote fiscal e PIB dos EUA: o que move o mercado

Fintech dispara 4.700% após adquirir participação em fornecedora do Iron Dome

China reforça suporte ao yuan após alta do dólar e sinalizações do Fed

Dólar acumula alta de 8,25% em 1 mês; como a cotação chegou a R$ 6,27?