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Bancos disputam recursos dos fundos de pensão

Com ganhos menores na renda fixa, o consenso é que os fundos terão que buscar ativos mais rentáveis e fazer outras operações mais sofisticadas

No 32º Congresso Brasileiro dos Fundos da Abrapp, mais de 20 bancos montaram estandes, oferecendo produtos como fundos de investimentos exclusivos (Fotomontagem/EXAME)

No 32º Congresso Brasileiro dos Fundos da Abrapp, mais de 20 bancos montaram estandes, oferecendo produtos como fundos de investimentos exclusivos (Fotomontagem/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2011 às 07h29.

Florianópolis - Em tempos de juros em queda, os bancos e gestoras de recursos intensificaram a disputa pelos recursos dos fundos de pensão. Com ganhos menores na renda fixa, o consenso é que os fundos terão que buscar ativos mais rentáveis e fazer outras operações mais sofisticadas para conseguir ganhos maiores e superar a meta atuarial.

Antes, bastava aplicar em títulos públicos que o retorno estava garantido. Para 2011, nenhum fundo deve superar a meta atuarial, segundo a Associação Brasileiras das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). "Vai ser um ano difícil para os fundos, com juros em queda e bolsa volátil", disse José de Souza Mendonça, presidente da entidade.

No 32º Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão da Abrapp, que reuniu 3,4 mil participantes do segmento e terminou na quarta-feira, mais de 20 bancos montaram estandes, oferecendo produtos como fundos de investimentos exclusivos, fundos de recebíveis, fundos imobiliários, certificados de depósito bancário (CDB) e operações estruturadas. Um ativo que começa a despertar o interesse são as letras financeiras, espécie de debêntures emitidas por bancos para captarem recursos de longo prazo.

Grandes bancos, como Bradesco, Itaú e Banco do Brasil, instituições médias (como BicBanco, Cruzeiro do Sul e Daycoval) e os estrangeiros (como BNP Paribas, Santander e HSBC) participaram do evento. Gestoras de recursos também apareceram, como a Mirae Asset Management, Fidus e o Credit Suisse Hedging-Griffo. Até o Banco Safra, que costuma ser discreto, estava presente com um grande estande.

Além dos bancos, a BM&FBovespa também esteve no encontro. Segundo Edemir Pinto, presidente da bolsa, até o final do ano haverá um novo programa de tarifas com desconto para grandes investidores, como os fundos de pensão.

Na BB DTVM, gestora de recursos do Banco do Brasil, que foi representada pelo seu presidente Carlos Takahashi, 35% dos R$ 430 bilhões administrados são de investidores institucionais, entre eles, fundos de pensão e seguradoras. Segundo ele, a gestora tem comprado letras financeiras dos grandes bancos. "Estão com rentabilidade atrativa", disse.

Em geral, as taxas de administração para as fundações são menores, mas como os volumes que eles aplicam são muito grandes, os bancos conseguem bons ganhos, destaca um executivo de um grande banco nacional presente no congresso.


A previsão da Abrapp é de que os fundos de pensão vão representar em 2021 cerca de 32% do produto interno bruto brasileiro (PIB), o dobro do que representa agora. O setor tem hoje R$ 545 bilhões aplicados no mercado financeiro, 60% na renda fixa. "Com a queda dos juros, os fundos terão que procurar alternativas mais rentáveis de investimento aos títulos públicos", avalia Eustáquio Lott, presidente da Valia, o fundo dos funcionários da Vale. O executivo diz seu fundo vai aumentar a alocação em private equity (fundos de participação).

Fundos instituídos

Os bancos e gestoras também estão de olho em modalidade de fundos de pensão que começa a ganhar força. São os fundos instituídos, que podem ser criados para entidades de classe, associações e sindicatos. Até jogadores de futebol ganharam em dezembro do ano passado um plano assim.

Esses fundos foram criados pela legislação em 2004, mas apenas mais recentemente começaram a crescer. Já contam com patrimônio de R$ 1,12 bilhão, segundo os dados mais recentes disponíveis, de março, da Abrapp. Na comparação com o mesmo período de 2010, houve um crescimento de 30%. Além dos jogadores de futebol, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e cooperativas de médicos, como a Unimed, já criaram um plano instituído.

Segundo o diretor de um banco estrangeiro, que prefere não se identificar, os fundos instituídos, que agora ainda têm patrimônio pequeno perto das grandes fundações, podem crescer e também se tornar grande. Por isso o interesse pelo segmento.

Para o presidente da Abrapp, José de Souza Mendonça, os fundos instituídos são a aposta da entidade para trazer novos participantes para a previdência complementar. "É por onde o segmento está crescendo", disse ele.

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