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Balanços do 1º tri começam a mostrar perdas com coronavírus

De portas fechadas, varejistas com foco em lojas físicas devem ser uma das mais afetadas

Varejo: impacto da crise do coronavírus deve aparecer só balanço fiscal do 2º trimestre

Varejo: impacto da crise do coronavírus deve aparecer só balanço fiscal do 2º trimestre

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Da Redação

Publicado em 24 de abril de 2020 às 06h20.

Última atualização em 27 de abril de 2020 às 08h15.

As companhias de capital aberto no Brasil começam nesta sexta-feira, 24, a publicar suas demonstrações financeiras referentes ao primeiro trimestre de 2020. Os resultados devem começar a mostrar como o novo coronavírus está afetando as empresas.

“Vai ser uma fotografia velha que não mostra muito a realidade”, afirma Alvaro Bandeira, economista do banco digital modalmais. Segundo ele, alguns setores podem apresentar indicativos de forma mais clara de como estão lidando com a crise, mas a real extensão dos impactos do isolamento social deve ficar para o balanço do próximo período fiscal. “Aí vai ser barra pesada.”

Por enquanto, o economista recomenda que os investidores fiquem atentos aos dados de endividamento e caixa, que serão apresentados no balanço do primeiro trimestre. “É fundamental ver quem tem dívida em moeda forte, como dólar e euro. Isso pode mexer com a situação da companhia mais para frente”, diz.

Embora também veja as empresas sofrendo mais no próximo trimestre, Gabriel Ribeiro, analista da Necton, prevê uma queda média das receitas de 50% a 60% em março. “Para o varejo vai ser desastroso”, disse.

De portas fechadas, varejistas com foco em lojas físicas devem ser uma das mais afetadas. Mas, dentro do setor, supermercados e empresas com forte exposição ao comércio digital podem sair mais fortes.

Em seu release de vendas, divulgado nesta semana, o Grupo Pão de Açúcar informou que seu volume de vendas teve um aumento expressivo no primeiro trimestre, especialmente na segunda quinzena de março, quando a quarentena teve início no país. No período, as lojas físicas aumentaram as vendas em 16%. Já a área de e-commerce da companhia teve crescimento de 150% na comparação anual.

“As pessoas estão deixando de comer fora para comer em casa. Isso acaba aumentando a demanda dos supermercados”, afirma Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Investimentos.

Bevilacqua também acredita que as redes de farmácias possam apresentar melhor resultado no primeiro trimestre. “No início da quarentena, teve gente correndo para comprar todos tipos de remédio, achando que iria encontrar alguma salvação contra a pandemia.”

Outro setor que pode se mostrar mais resiliente na opinião de especialistas é o de mineração e siderurgia. “Temos visto países como a China fazendo investimentos em infraestrutura para ativar a economia. Então eles saem na frente.”

Maior importadora de minério de ferro do mundo, a China parece ter saído antes do resto do mundo da crise. Em março, as importações do país recuaram apenas 0,9% ante uma expectativa de retração de mais de 9%.

Já as companhias aéreas devem apresentar seus piores resultados trimestrais da história, visto que a quantidade de voos despencou desde que políticas de distanciamento começaram a se intensificar no mundo. “Vai demorar bastante para o setor apresentar alguma melhora, até porque os hábitos vão mudar e mais coisas vão ser feitas sem a necessidade de deslocamento”, diz Bandeira.

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