Balanço da Casas Bahia (BHIA3) decepciona e ações amargam no Ibovespa
Para os analistas, números do balanço do terceiro trimestre foram mais fracos do que era esperado
Repórter de Invest
Publicado em 9 de novembro de 2023 às 11h38.
Última atualização em 9 de novembro de 2023 às 22h19.
As ações da Casas Bahia (BHIA3) lideram as maiores baixas do Ibovespa desta quinta-feira, 9. Na véspera, após o fechamento, a varejista reportou um prejuízo de R$ 836 milhões no balanço do terceiro trimestre. Um ano antes, a perda foi de R$ 203 milhões . Para os analistas, os números foram mais fracos do que era esperado.
No fechamento de hoje, os papéis da BHIA3 figuravam como a segunda maior queda do IBOV, com uma baixa de 12,28%. Um dia antes, as ações haviam fechado em estabilidade.
Números fracos no 3T23
Os analistas do BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME) apontam que a Casas Bahia apresentou um declínio anual de 4% no volume bruto de mercadoria vendida (GMV) — 2% abaixo das projeções do banco. Junto a isso, o GMV online teve uma queda anual de 15%, número 4% abaixo das estimativas. Já o GMV nas lojas (excluindo devoluções e compras canceladas) permaneceu estável em R$ 5,6 bilhões, com crescimento anual de 0,5%.
“Como resultado, excluindo a provisão de R$ 100 milhões para o não cumprimento de metas na parceria de cartão de crédito com o Bradesco, a receita bruta consolidada caiu 4% ano a ano para R$ 7,9 bilhões — 2% abaixo das nossas projeções”, escrevem os analistas em relatório. Para eles, o terceiro trimestre mostrou uma tendência de enfraquecimento da receita da Casas Bahia, assim como nos trimestres anteriores, enquanto a desalavancagem operacional chamou a atenção.
De VIIA3 para BHIA3
O banco cita, ainda, que em agosto a nova equipe de gestão da varejista revelou uma série de iniciativas para fazer face às pressões sobre as margens e melhorar o fluxo de caixa livre (FCF), “o que também deverá levar a empresa a reduzir as operações, concentrando-se simultaneamente em categorias mais lucrativas”. Enquanto isso, a empresa captou R$ 602 milhões em setembro via follow-on, visando reforçar sua estrutura de capital (que ainda permanece alavancada).
“Permanecemos cautelosos devido às perspectivas competitivas do comércio eletrônico, aos altos custos de financiamento da Casas Bahia e à incerteza sobre a monetização de créditos fiscais, o que pode prejudicar sua capacidade de investir no crescimento de suas operações e continuar a impactar sua estrutura de capital”, diz o relatório. O banco permanece com recomendação de compra neutra para BHIA3.
A mesma linha é seguida pelo BB Investimentos. Também em relatório divulgado nesta quinta-feira, os analistas apontam que embora já fosse contemplado em suas projeçõesum impacto negativo à Casas Bahia no curto prazo, relacionado ao plano de transformações — que contempla a necessidade de redução de estoque, fechamento de lojas e enxugamento do quadro de pessoal — as sequelas do ambiente macro restritivo, em conjunto com esse processo, mostraram que serão muito mais intensas do que estimado.
“As ações BHIA3 seguem um movimento de queda livre desde meados do segundo semestre de 2022, acumulando uma desvalorização de quase 80% neste ano, em um contexto de incertezas quanto à capacidade da companhia em resolver seus problemas internos e voltar a crescer com rentabilidade”, diz o relatório.
BB corta recomendação da Casas Bahia
O documento ainda salienta que a companhia já tinha dado uma sinalização negativa aos minoritários acerca da sua situação financeira a partir da conclusão da oferta subsequente de ações (follow on) em setembro. “Ocasião na qual aceitou um desconto de quase 60% sobre o preço pré-follow on para uma ação que já estava muito descontada.”
Segundo o Banco do Brasil, os resultados “piores do que os esperados” no terceiro trimestre adicionam mais um ponto de alerta quanto à velocidade e intensidade da recuperação da companhia. Vale lembrar que a finalização do processo de transformação é prevista para o final de 2024. “Nesse contexto, optamos por rebaixar nossa recomendação para venda, pois entendemos ser mais oportuno não correr o risco de execução do turnaround de uma companhia, cujo risco de revisões negativas se acentuaram, independentemente do atual potencial de valorização para o nosso preço-alvo.”