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Argentina tem pior moeda entre emergentes pelo sexto ano consecutivo

Lira turca e real brasileiro fecham o trio de moedas que mais se desvalorizaram no ano entre os países emergentes

 (EAQ/Getty Images)

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Beatriz Quesada

Publicado em 11 de dezembro de 2020 às 15h55.

Última atualização em 11 de dezembro de 2020 às 15h59.

(Bloomberg) Algumas coisas nunca mudam. O peso argentino deve fechar 2020 como a moeda de pior desempenho entre mercados emergentes pelo sexto ano consecutivo. Ou, sob uma perspectiva maior, este pode ser o oitavo ano dos últimos nove em meio a uma inflação persistentemente alta.

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Esse é o resultado de uma década de reviravoltas e reversões de políticas que deixaram a economia outrora rica em ruínas. Além disso, não há fim previsto para a queda do peso argentino no mercado à vista, mesmo com a melhora do cenário para os mercados emergentes no próximo ano. Muitos analistas esperam que as autoridades acelerem a desvalorização diária controlada, pois as reservas internacionais atingiram o menor nível em quatro anos.

“A questão é por quanto tempo a Argentina continuará a usar as reservas para atrasar o ajuste”, disse Sergi Lanau, vice-economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais.

O peso acumula caiu 27,2%, para 82 em relação ao dólar desde dezembro e perderá cerca de 30% em todo ano se o banco central mantiver sua política de permitir uma depreciação de 0,1% a 0,2% ao dia. Um porta-voz do banco central não quis comentar sobre o desempenho do peso ou sobre os planos de política do banco para 2021.

Em segundo e terceiro lugares como moedas de pior desempenho do ano estão, respecitivamente, a lira turca (24,3%) e o real (20,7%).

Mercado paralelo

O desempenho do peso é ainda pior no mercado paralelo. Um dólar vale cerca de 150 pesos nas casas de câmbio clandestinas, chamadas de “cavernas” em Buenos Aires, ou cerca de 145 por dólar por meio de uma série de transações financeiras conhecidas como blue-chip swap. Essa taxa blue-chip caiu 47% este ano.

A década de declínio do peso acompanhou governos de direita e de esquerda. Tudo começou sob a presidente Cristina Kirchner, que tentou limitar a queda impondo controles cambiais, e continuou com seu sucessor Mauricio Macri, que eliminou esses mesmos controles para restaurar a confiança dos investidores. Nas últimas semanas de seu governo, Macri foi obrigado a reverter a decisão e reimpor limites, um processo que se intensificou sob o atual presidente Alberto Fernández.

O ministro da Economia, Martín Guzmán, disse em 3 de dezembro que esses controles ajudaram a desacelerar a perda de reservas internacionais, que têm diminuído constantemente neste ano.

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No entanto, as perspectivas para o próximo ano são piores do que em 2020. Analistas esperam que a inflação se acelere para 50% em 2021 em relação a 37% em outubro, o que agravaria a perda de competitividade da indústria do país. Ainda assim, o governo disse que não buscará uma desvalorização rápida e de uma só vez, apesar das expectativas do mercado de que isso terá que ocorrer no próximo ano.

“O governo pode tentar aguentar até as eleições de meio de mandato de outubro, temendo um repasse previsivelmente grande para a inflação”, disse Eduardo Levy-Yeyati, economista e fundador da consultoria argentina Elypsis. “Mas a medida é contraproducente, pois alimenta a especulação da taxa de câmbio à custa do investimento.”

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