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Analistas divergem sobre aquisição da Agra pela Cyrela

Para Unibanco, acionistas da Agra saem perdendo com o negócio. Santander tem opinião contrária

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 10h29.

Não há consenso entre os analistas quando a questão é quem ganha e quem perde com a compra da Agra pela Cyrela, anunciada nesta segunda-feira (23/6). Para o Unibanco, apesar do prêmio de quase 50%, o negócio não é bom para os acionistas da Agra. "Trata-se de um valor (9,54 reais, considerando o fechamento de sexta-feira) próximo ao que era negociado em março e muito abaixo da cotação máxima já atingida pela companhia (16,89 reais), registrada no ano passado", ressalta a instituição em relatório.

Na avaliação do Unibanco, a operação reduzirá o potencial de ganhos dos acionistas da Agra, que era de 179% até o final de dezembro. A instituição projetava preço-alvo de 18 reais para os papéis da incorporadora no final de 2008.

Já o Santander avalia como positiva a transação, destacando que o alto prêmio garantirá um bom lucro aos acionistas. As projeções da instituição coincidem com as do Unibanco, projetando preço-alvo de 18 reais para as ações em dezembro.

Em relação à Cyrela, o Santander considera o negócio de neutro para positivo, com bons resultados no longo prazo. O Unibanco é bem mais enfático ao afirmar que a aquisição é bastante interessante para a Cyrela, que poderá incrementar suas operações no Nordeste. Para o Itaú, a transação terá impacto neutro para os acionistas da companhia.

Para efetivar a compra, a Cyrela vai emitir ações e diluir a participação de seus acionistas em 15,6%. Após a troca dos papéis, que será feita na proporção de uma ação da Agra para cada 0,425 ação da Cyrela, os acionistas da Agra passarão a deter 13,5% da Cyrela. O presidente da Agra, Luiz Roberto Horst, estima que as ações da companhia deixem de ser negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) por volta do dia 15 de agosto, após a aprovação do negócio pelos acionistas de ambas as companhias. "A fusão acontece num momento em que ambas as empresas estão saudáveis. A idéia é juntar forças para conquistar um potencial de crescimento muito maior, numa conta em que um mais um é muito mais que dois", diz Horst.

A operação pode ser o pontapé inicial para a consolidação do setor de construção no Brasil. A própria Cyrela não descarta novas aquisições. "Temos a tradição de buscar outras companhias para complementar nossas estratégias, seja por compra ou parceria", afirma o diretor de Relações com Investidores da Cyrela, Luis Largman.

Existem hoje 23 empresas do setor listadas na Bovespa, sendo que mais da metade estreou na Bolsa no ano passado. A expectativa de consolidação provocou alta não só nas ações da Agra, mas também nas das concorrentes. Veja abaixo o comportamento dos papéis nesta segunda-feira.

Empresa Ação Cotação em 23/06/08 Variação no dia (%)
Abyara ABYA3 14,89 2,68
Agra AGIN3 8,50 31,78
Brascan BISA3 8,35 0
Camargo Corrêa CCIM3 8,85 1,84
Company CPNY3 11,25 2,27
CR2 CRDE3 9,51 0,1
Cyrela CYRE3 21,89 -2,49
Even EVEN3 9,20 4,42%
Eztec EZTC3 4,67 2,63
Gafisa GFSA3 28,80 -4,79
Helbor HBOR 9,07 -0,54
Inpar INPR3 8,21 0,73
JHSF JHSF3 7,50 -1,57
João Fortes JFEN3 5,90 2,07
Klabin Segall KSSA3 10,00 6,6
Lopes LPSB3 31,70 0,61
MRV MRVE3 34,90 0
PDG Realty PDGR3 23,39 1,73
Rodobens RDNI3 20,97 1,06
Rossi RSID3 12,80 -1,53
Tecnisa TCSA3 8,00 3,09
Tenda TEND3 11,00 0,91
Trisul TRIS3 7,35 9,7
Fonte: Bovespa
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