Petróleo: "Para os preços, pode haver luz no final do que foi um longo e escuro túnel" (ThinkStock)
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2016 às 09h17.
Paris - A Agência Internacional da Energia (AIE) afirmou nesta sexta-feira que há sinais de que a queda dos preços do petróleo chegou ao fundo do poço, porque a produção parece estar diminuindo e as perspectivas de redução da demanda não estão crescendo.
Em seu relatório mensal sobre o mercado petroleiro, a AIE, no entanto, se mostrou muito prudente, e especificou que também não descarta que a volatilidade do preço do barril continue diante das incertezas que pesam sobre a economia global, e em particular os riscos de baixa, mas também sobre o comportamento dos principais países produtores de petróleo.
"Para os preços, pode haver luz no final do que foi um longo e escuro túnel, mas não podemos ter certeza exatamente de quando em 2017 o mercado do petróleo alcançará o tão desejado equilíbrio", explicou.
A Agência manteve sem alterações a previsão tinha dado há um mês sobre a demanda mundial de petróleo para este ano, de 95,8 milhões de barris diários, o que significa 1,2 milhão de barris diários a mais que em 2015.
Ou seja, a alta será muito inferior à ascensão de 1,8 milhão de 2015. Isso se explica pelas dúvidas sobre a situação macroeconômica, mas também porque as temperaturas estão mostrando particularmente suaves no primeiro trimestre no hemisfério norte, e isso reduz a necessidade de calefação.
É verdade que alguns grandes países asiáticos estão elevando suas importações de petróleo, em particular Índia, Coreia do Sul, Indonésia e Filipinas, mas no outro extremo Brasil, Japão ou França reduziram as suas.
Nos Estados Unidos, maior consumidor de petróleo do mundo, o volume da demanda deve permanecer estagnado, e na China, segundo consumidor mundial, a alta deve ser de apenas 330 mil barris diários a mais que em 2015, claramente abaixo da progressão média de 440 mil barris dos últimos dez anos.
Os autores do relatório atribuíram uma parte da recente recuperação do preço do petróleo à desvalorização do dólar, por isso o que pode acontecer nos próximos meses também dependerá da taxa de câmbio, que estão ligadas às possíveis alterações nas taxas de juros.
Sob o ponto de vista da oferta, a agência destacou que em fevereiro a extração de petróleo diminuiu em 180 mil barris diários, até os 96,5 milhões, metade devido à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a outra metade aos produtores que não pertencem a esse cartel.
No caso da Opep, Iraque, Nigéria e Emirados Árabes Unidos puseram no mercado 350 mil barris diários a menos do que em janeiro e isso não foi compensado totalmente por outros membros do cartel, apesar de o Irã ter fornecido 220 mil barris diários suplementares - volume menor do que o país havia afirmado que produziria após o fim das sanções.
Fora da Opep, a AIE calculou que a produção em 2016 diminuirá em 750 mil barris diários (a 57 milhões), mais do que os 600 mil estimados no relatório anterior.
A explicação tem a ver com que um barril entre US$ 30 e US$ 40 está prejudicando muitas companhias, que não conseguem rentabilizar seus poços.
Por isso a agência - que reúne boa parte dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) - previu que a produção dos Estados Unidos este ano cairá em 530 mil barris diários.
Além disso, também corrigiu para baixo suas expectativas sobre as quantidades de petróleo que Brasil, Colômbia e alguns outros países levarão ao mercado.
Em janeiro, as reservas comerciais dos países da OCDE aumentaram 20,2 milhões de barris, que cobrem um período "confortável" de 32,7 dias de consumo.
A AIE resumiu a situação destacando que o desequilíbrio entre oferta e procura por petróleo - a origem da brutal queda do preço do barril - permanecerá alto na primeira metade deste ano: 1,9 milhão de barris diários no primeiro trimestre e 1,5 milhão no segundo.
A situação deve começar a ser corrigida no segundo semestre de 2016, quando essa diferença, previu a agência, deve cair para 200 mil barris diários.