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Ações voltam a desabar nos EUA e índice do medo dispara 43% em dois dias

Dados de desemprego saem melhores do que o esperado, mas são insuficientes para conter tensão no mercado americano

Índice Nasdaq tem mais um dia de forte queda (Scott Eells/Bloomberg)

Índice Nasdaq tem mais um dia de forte queda (Scott Eells/Bloomberg)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 4 de setembro de 2020 às 12h50.

Última atualização em 4 de setembro de 2020 às 15h22.

O índice da Nasdaq, bolsa em que estão listadas as principais companhias de tecnologia do mundo, volta a despencar nesta sexta-feira, 4, com as ações de Apple, Microsoft, Tesla e Amazon caindo mais de 4% pelo segundo dia consecutivo. Às 12h50 o índice Nasdaq recuava 3,06%, depois de ter tocado 5% de queda mais cedo. O S&P 500, com menor concentração do setor, caía 2,26%. Conhecido como índice do medo, o índice Vix, que mede a volatilidade do mercado de opções do Estados Unidos, chegou a bater 43% de alta em dois dias na máxima desta sexta.

A forte desvalorização ocorre mesmo após os dados oficiais do mercado de trabalho americano terem superado as expectativas em agosto. Divulgada nesta manhã, a taxa de desemprego nos Estados Unidos caiu de 10,2% para 8,4%, enquanto as projeções eram de redução para 9,8%. Já o payroll, que mede a variação dos empregos não-agrícolas, veio quase em linha com o esperado, apontando para a criação de 1,371 milhão de postos em agosto, ante 1,4 milhão previstos.

O movimento de realização de lucros ainda é intensificado pelo feriado prolongado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos, que irá ocorrer na segunda-feira, 7. “Alguém começou a realizar porque o outro estava realizando, aí virou um sell-off, uma realização em massa gigantesca. Em um cenário desses, ninguém quer ficar posicionado para o fim de semana, então vende e põe o dinheiro no bolso”, afirma Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

A forte realização de lucros de ações de tecnologia teve início na quinta-feira, 3, após o principal índice da Nasdaq ter fechado, na quarta-feira, 2, acima dos 12.000 pontos pela primeira vez na história. Naquele momento, o índice acumulava 34,47% de alta no ano – até então o melhor desempenho entre os principais índices acionários do mundo. Na véspera, o índice Nasdaq encerrou em queda de 4,98%.

No mercado, a pandemia do coronavírus, que restringiu a mobilidade da população mundial e obrigou que pessoas passassem mais tempo em suas casas levou os investidores a comprarem ações de tecnologia, na esperança de que essas empresas ganhassem mais dinheiro com o maior uso de serviços, como Zoom e Netflix. Em meio à euforia das techs, a Apple se tornou a primeira empresa do mundo a bater 2 trilhões de dólares de valor de mercado.

No entanto, os dados econômicos ainda mostram que a economia americana está longe de voltar ao que era antes da pandemia. A taxa de desemprego, por exemplo, segue 5 pontos percentuais acima da registrada em fevereiro deste ano e dados de alta frequência mostram que o número de demissões ainda segue alto. Na véspera, os dados do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos apontaram para 881.000 pedidos de seguro desemprego em apenas uma semana. Ainda que tenha saído melhor do que o esperado, o número ficou 319% acima do registrado na última semana de fevereiro.

Pacotes de estímulos e impressão de dinheiro nos Estados Unidos tem ajudado a atenuar os efeitos da econômicos da pandemia. Mas, há temores de que o fim do auxílio emergencial de 600 dólares semanais, encerrados em agosto, tenha forte impacto sobre os balanços corporativos do terceiro trimestre.

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