Por que as ações das 'empresas da quarentena' estão voltando a subir
Netflix (NFLX34), Zoom (Z1OM34) e Amazon (AMZO34), que tiveram fortes altas durante a fase mais aguda da pandemia do Coronavírus, estão ganhando terreno nas últimas semanas
Carlo Cauti
Publicado em 28 de outubro de 2022 às 05h03.
Durante a fase mais aguda do novo coronavírus (Covid-19) as ações das empresas ligadas a tecnologia de comunicação, ao entretenimento e ao varejo eletrônico chegaram para valores jamais vistos antes.
Os papéis do Zoom (Z1OM34) passaram de cerca de US$ 60 em janeiro de 2020 para US$ 560 em outubro do mesmo ano. As da Amazon (AMZO34) passaram de cerca de US$ 90 para US$ 195 em julho de 2021. E as da Netflix (NFLX34) de US$ 325 para US$ 690 em novembro de 2021.
Quando a vida social foi forçada dentro dos muros domésticos por causa de força maior, essas empresas brilharam. Mas com a chegada das vacinas e a volta para a normalidade, todavia, a derrocada foi rápida: as ações do Zoom foram para US$ 73 as da Amazon para US$ 115 e as da Netflix para US$ 187. Cúmplice a alta das taxas de juros nos Estados Unidos, que derrubou todas as empresas de tecnologia, o mercado começou a achar que esses papéis fossem destinados a um destino de redução do próprio valor.
Um dos termômetros para medir o desempenho das "empresas da quarentena" é o Solactive Stay Home Economy Index, um índice que reúne principalmente empresas dos Estados Unidos, criado há uma década, mas que conheceu notoriedade após fevereiro 2020, com o começo da pandemia do novo coronavírus. O índice passou de 327 pontos antes do começo das quarentenas para uma máxima de 482 pontos, e caiu para 290 pontos no começo de outubro de 2022.
Mas nas últimas semanas voltou a subir graças ao fluxo positivo de notícias gerado pelas empresas desse novo setor industrial. Quem começou a retomar a rota da alta foi a Netflix, que comunicou resultados trimestrais superiores as expectativas, subindo 20% em menos de uma semana.
Um movimento que foi possível principalmente graças a alta no número dos assinantes, que aumentaram de 2,41 milhões de usuários líquidos. Mais do que o dobro do que previsto pela empresa. Nos dois trimestres precedentes a Netflix tinha registrado uma redução do número de assinantes. Contribuiu para esse resultado também uma volta da Covid-19, que forçou muita gente a ficar em casa, mesmo se os governos não foram obrigados a medidas restritivas.
Além da Netflix, a Amazon também está ensaiando uma retomada, passando de US$ 104 em março para US$ 144 em agosto. Mas a divulgação dos resultados trimestrais nesta quinta-feira, 27, acabou derrubando os ganhos da gigante do varejo eletrônico.
Outras empresas da quarentena que estão se valorizando são, por exemplo, o Zoom, que subiu 8,85% no último mês, e Warner Bros, que ganhou 5,94%. Todas essas empresas, evidentemente, tinham alcançado cotações tão baixas que o mercado percebeu valores que o mercado, evidentemente, não estava vendo. Mesmo se os preços/lucros estão baixando de forma consistente.
Por que as empresas da quarentena estão voltando a subir
No caso do Zoom, os investidores têm algumas boas razões para serem atraídos por suas ações nesse momento. A divisão empresarial da empresa ainda está aumentando as vendas em um ritmo robusto. Esse segmento provavelmente será um forte caminho de crescimento por muitos anos, à medida que mais empresas oferecerem aos funcionários a flexibilidade do trabalho híbrido. O Zoom também continua lucrativo, ao contrário de muitas outras ações "growth", tem muito caixa e pouca dívida.
Os ganhos vieram à medida que o sentimento dos investidores em volta das ações de tecnologia continuou a oscilar, desta vez em direção ao positivo. A pergunta que muitos se fazem é: até quando esse bom humor vai continuar.
Isso pois o Federal Reserve (Fed) já deixou claro que vai continuar elevando as taxas básicas de juros para enfrentar uma inflação que não para de subir. E essa política monetária restritiva, inevitavelmente, vai acabar afetando as empresas de tecnologia.
Além disso, juros mais altos podem desencadear uma recessão, e essas empresas são - em grande maioria - de bens não indispensáveis. Ou seja, seriam os primeiros gastos que seriam cortados por famílias com orçamentos mais apertados.
Mas a grande dúvida é sobre os balanços. O caso da Amazon é emblemático: se as "empresas da quarentena" não conseguirem entregar trimestrais sólidas, dificilmente conseguirão manter um patamar elevado de valorização das ações.