Dilma estaria aproveitando uma "janela de oportunidade" para reduzir o retorno das empresas (GettyImages)
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2012 às 10h29.
São Paulo - As ações do setor elétrico devem continuar pressionadas nas próximas semanas, na medida em que o mercado aguarda definições sobre mudanças na regulação do setor e o anúncio de um pacote do governo para reduzir os custos da energia elétrica no Brasil.
O índice que reúne os papéis do setor elétrico na Bovespa caiu 4,24 por cento nesta sexta-feira, na maior baixa diária em mais de um ano. Os investidores reagiram mal a medida provisória (MP 577), publicada na véspera, que regulamenta intervenção do governo em concessionárias de serviços públicos de energia elétrica em dificuldades financeiras.
Já nesta sexta-feira o governo anunciou a intervenção em oito distribuidoras do endividado Grupo Rede Energia, com objetivo de evitar o colapso do grupo, o que poderia afetar o fornecimento de energia a 17 milhões de pessoas.
"O mercado está interpretando a MP como uma amostra do que está por vir", afirmou o analista Gabriel Laera, do BES Securities.
A percepção é que as geradoras de energia passarão a ser, como as distribuidoras, submetidas à regulação mais restritiva como contrapartida para renovarem suas concessões, disse o analista Márcio Prado, do Santander.
As empresas do setor mais expostas à questão das concessões --Eletrobras, Cesp, Cteep-- lideraram as perdas do principal índice acionário brasileiro nesta sexta-feira.
"Se a nova regulamentação para o setor for realmente mais restritiva, é possível que as ações sofram perdas substanciais ao longo das próximas semanas", afirmou Prado.
O mercado também aguarda para o início de setembro o anúncio de um pacote de medidas do governo para reduzir os custos de energia elétrica no Brasil e, consequentemente, incentivar a atividade industrial.
Na avaliação do analista do BES Securities, a presidente Dilma Rousseff estaria aproveitando uma "janela de oportunidade" para trazer o retorno das empresas brasileiras de infraestrutura energética "para patamares mais próximos da média internacional, via um caminho completamente legal e que já é feito no exterior, como no Canadá".