A bolsa sem a política
Apesar dos inúmeros fatos que marcaram 2016, o cenário político foi o verdadeiro responsável pela maior parte da alta de 38,9% do Ibovespa no ano. Mas, como em janeiro Brasília está de férias, está difícil até para os analistas decifrar o que deve nortear as negociações neste início de ano. Ontem, o Ibovespa recuou 1,06%. […]
Da Redação
Publicado em 2 de janeiro de 2017 às 18h43.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h38.
Apesar dos inúmeros fatos que marcaram 2016, o cenário político foi o verdadeiro responsável pela maior parte da alta de 38,9% do Ibovespa no ano. Mas, como em janeiro Brasília está de férias, está difícil até para os analistas decifrar o que deve nortear as negociações neste início de ano. Ontem, o Ibovespa recuou 1,06%.
Para alguns, janeiro deve ser um mês de realização de lucros – portanto, um mês de queda após tantas altas na bolsa. É o mês também em que grandes fundos devem aproveitar para retirar seu dinheiro de ações que subiram muito em 2016.
Esta dinâmica deve afetar companhias no setor de siderurgia e mineração – que, apesar da alta, ainda concentram dívidas altas e um cenário de demanda retraída. “Essas ações já subiram muito e algumas ainda têm fundamentos fracos. A CSN, por exemplo, ainda não gera caixa.”, diz Marco Saravalle, analista da XP Investimentos. A alta em janeiro pode vir de exportadoras, já que o dólar voltou a subir. Neste caso, as exportadoras de papel e celulose, Suzano, Klabin e Fibria podem ser as mais beneficiadas, tanto pela alta do dólar quanto do preço da celulose nos mercados internacionais.
Mas há quem acredite que janeiro será um mês de alta para as principais ações do Ibovespa. A Petrobras, por exemplo, que teve uma alta de 121% nos papéis preferenciais, continua sendo indicada com a expectativa de que seu plano de desinvestimentos avance e a dívida diminua.
“A bolsa teve uma recuperação na última semana do ano, voltamos ao patamar próximo dos 60.000 pontos e a alta deve continuar com investidores precificando uma melhora também em setores como varejo e construção”, diz Leandro Martins, analista da corretora Rico. Para ele, o índice poderia chegar próximo dos 63.000 pontos ainda em janeiro.
Um dos principais eventos do mês deve ficar apenas para o fim de janeiro: no dia 20, Donald Trump assume a presidência dos Estados Unidos. Desde a sua eleição, importantes índices americanos como o Dow Jones e o S&P 500 subiram, 7,8% e 4,6%, respectivamente, na expectativa de que os planos de Trump ajudem a estimular a economia e as empresas. Já, por aqui, o Ibovespa caiu 7,2% com parte dos investidores deixando o país e o cenário político ainda conturbado. As atenções do mercado, tanto no exterior quanto aqui, devem se voltar para Trump com o mercado esperando para ver quais serão as primeiras medidas do seu governo. Isso se ninguém em Curitiba resolver interromper as férias do pessoal de Brasília.