Roberto Sallouti, presidente do BTG Pactual: a importância do ESG nos bancos (Divulgação/Exame)
Paula Barra
Publicado em 9 de fevereiro de 2021 às 16h27.
Última atualização em 10 de fevereiro de 2021 às 19h02.
O CEO do BTG Pactual (BPAC11), Roberto Sallouti, disse, em coletiva com a imprensa realizada na tarde desta terça-feira, 9, que está construtivo com o Brasil, acreditando que o país manterá a disciplina fiscal, e que a revolução no mercado de capitais tende a continuar, mesmo em um cenário de normalização dos juros.
“Estamos construtivos. Achamos que o Brasil vai manter a disciplina fiscal e, se vier uma extensão do auxílio emergencial, acreditamos que terá uma contraparte”, comentou.
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Mesmo com um cenário de normalização dos juros, ele disse que não espera que isso mude a revolução em curso no mercado de capitais. “Enquanto o Brasil mantiver disciplina fiscal e tivermos um juro real de 2%-3%, ou um juro nominal de 6%, acreditamos que o ambiente continuará compatível. Já estávamos vendo esse desenvolvimento do mercado de capitais com o juros a 6,5% ao ano. Se mantivermos a disciplina fiscal, seguimos construtivos”.
O banco espera que a inflação no país fique em torno de 3,5% este ano e a economia cresça entre 3% e 4%.
Para ele, o que pode surpreender positivamente -- e talvez não esteja adequadamente incorporado nos modelos macroeconômicos -- é o impacto dos recursos que estão sendo levantados no mercado de capitais e que vão virar investimentos. “Tenho dúvida se estamos conseguindo modelar adequadamente a quantidade de recursos que o mercado de capitais está direcionando para a economia produtiva. Podemos ter surpresa positiva nesse sentido”.
Em 2020, foram realizadas 28 ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em inglês) na B3, um número recorde desde 2007. Ao todo, essas empresas captaram cerca de 44 bilhões de reais. Este ano, seis empresas já fizeram IPO, movimentando mais de 7,7 bilhões de reais.
“Esses recursos vão virar investimentos, isso vai ter impacto no crescimento e, como o Brasil nunca viveu um momento como esse, tenho dúvida se estamos modelando isso da forma adequada”, comentou.
O executivo disse ainda que acredita que há grande chance do país conseguir andar com as grandes reformas e que vê a possibilidade da votação do projeto de autonomia do Banco Central ainda esta semana. “Se as reformas andarem, as expectativas para a economia e, consequentemente, os mercados vão sentir positivamente”.
Quanto ao cenário externo, ele apontou que segue bastante otimista com a economia americana, especialmente por conta dos avanços muito rápidos com a vacinação. “Temos a visão que os Estados Unidos vão performar muito bem esse ano. O que temos que entender é o que vai acontecer na política monetária”, disse, embora tenha acrescentado que não vê mudanças nos juros por lá este ano.
Em relação às perspectivas para o banco, Sallouti comentou que o BTG+, banco digital voltado para pessoas físicas, mira um mercado potencial de 30 milhões de pessoas, com renda de 5 mil reais ou mais.
"Nossa meta é chegar a 15% de participação desse mercado ao longo dos próximos três anos, ou em torno de 4,5 milhões de contas nesse segmento. Mas provavelmente vamos abrir muito mais contas que isso, porque vamos acabar atraindo também clientes que não estão no nosso target, que não vão conseguir usufruir todos os serviços".
No caso do banco Pan, que mira clientes com renda abaixo de 5 mil reais, ele disse que o mercado potencial é de 150 milhões de contas. Ele explicou ainda que o crescimento no BTG+ pode parecer menor do que o visto em outras fintechs porque elas visam como cliente target o universo do Pan (de 150 milhões de contas).
Em relação ao resultado do quarto trimestre e de 2020, ele disse que está bem satisfeito. “Estamos vendo crescimento em todas as linhas de negócios, comparáveis com os novos entrantes mais bem-sucedidos nesse mercado, mas entregando rentabilidade dos bancões”.
“Fizemos grandes investimentos em marketing e tecnologia e isso está se refletindo nos nossos indicadores. Acabamos o ano muito satisfeitos”.
Nesta manhã, o BTG Pactual apresentou lucro líquido ajustado de 1,258 bilhão de reais no quarto trimestre de 2020, 24,55% superior ao registrado no mesmo período de 2019 e 19,1% maior que o do trimestre anterior. No ano, o lucro líquido ajustado superou em 16,9% o de 2019, ficando em 4,050 bilhões de reais.
O retorno anualizado sobre patrimônio líquido (ROAE, na sigla em inglês) ficou estável no quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, em 19,1%, mas acima dos 15,7% registrados no terceiro trimestre deste ano.